Bolsonaristas em atos golpistas em Santa Catarina repetiram gestos semelhantes ao do nazismo, na Alemanha. Uma das justificativas deles é de que se tratava do juramento à bandeira
Pedro Miranda Publicado em 03/11/2022, às 20h21 - Atualizado às 20h28
Na quarta-feira (2), durante os atos golpistas de bolsonaristas pedindo intervenção militar, uma foto na internet surpreendeu o país. Na imagem, apoiadores do futuro ex-presidente, Jair Bolsonaro, estão com o braço esticado, na posição parecida com a saudação nazista ‘Sieg Heil’ (salve a vitória). O registro é de uma manifestação ilegal em São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, em frente ao 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, base do Exército na cidade.
O grupo de bolsonaristas repetiu um gesto semelhante à saudação nazista, uma espécie de reverência. O gesto consistia em uma mão estendida, que foi repetida por centenas de homens e mulheres vestidos de verde e amarelo enquanto cantavam o hino nacional do Brasil.
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) abriu investigação sobre a atitude dos manifestantes e concluiu que não se tratava do gesto nazista. De acordo com o documento, um dos locutores do evento teria pedido que todos colocassem a mão no ombro da pessoa a frente, e se não houvesse, estendesse o braço para “emanar energias positivas”.
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Nas redes sociais, muitas pessoas que apoiam os atos golpistas pelo país, justificaram o gesto afirmando que se tratava do juramento à bandeira. A questão é que esse tipo de manifestação faz parte apenas do cerimonial das Forças Armadas do Brasil, sendo proibida para civis desde 1942. O gesto significa um juramento de aceitação dos deveres e obrigações militares, tanto para os isentos do serviço militar inicial, como para – principalmente – os que estão integrados nas forças armadas.
O protocolo do juramento à bandeira estipula ainda que o braço deve apontar para uma bandeira central ou específica. No vídeo, os manifestantes aparecem se dirigindo para a entrada do quartel, onde está localizado um tanque de guerra. O relatório produzido pelo MPSC será encaminhado para a 40ª Promotoria de Justiça da Capital para que as investigações sejam aprofundadas.
O embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, fez uma publicação no Twitter na qual ressalta que “apologia ao nazismo é crime!”. Thoms destacou ainda que as atitudes golpistas vistas em Santa Catarina não se tratam de liberdade de expressão, mas de um ataque à democracia.
O uso de símbolos nazistas e fascistas por "manifestantes" claramente de extrema direita é profundamente chocante. Apologia ao nazismo é crime!
— Embaixador Heiko Thoms (@AmbBrasilia) November 3, 2022
As origens do nazismo estão relacionadas principalmente aos ideais extremistas que prevaleceram na sociedade alemã do século 19 para a virada do século 20, como o ultranacionalismo, o uso da guerra como forma legítima de fazer o país avançar, o antissemitismo (aversão aos judeus), preconceito racial contra outras minorias como eslavos etc.
Os nazistas passaram a construir campos de concentração logo após assumirem o poder na Alemanha, isto é, em 1933. O primeiro campo de concentração construído pelos nazistas foi o campo de Dachau, que, inicialmente, abrigava presos políticos do regime nazista. Assim, esse campo recebia social-democratas e comunistas, por exemplo.
A perseguição aos judeus e a outras minorias promovida pelo nazismo ficou conhecida como Holocausto. Atualmente, sabe-se que 6 milhões de judeus foram mortos em consequência disso. Saiba mais no site do Brasil Escola.
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