Lula questionou a necessidade da autonomia do Banco Central e que o movimento não teve nenhum reflexo na economia
Victor Meira Publicado em 03/02/2023, às 14h37
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu uma entrevista ao programa “É Notícia”, da Rede TV, onde afirmou que pode rever a autonomia do Banco Central após o mandato do atual presidente, Roberto Campos Neto, terminar em dezembro de 2024. Na entrevista, Lula questionou a relevância da independência do Banco Central e disse que vai “cobrar” o órgão pelo nível atual da Selic, que está em 13,75% ao ano.
“Quero saber do que serviu a independência do Banco Central. Eu vou esperar esse cidadão [Campos Neto] terminar o mandato dele para fazermos uma avaliação do que significou o banco central independente”, disse Lula.
+Reforma tributária já tem data para avançar: "benefício para todos"
Embora Lula critique a autonomia do BC, o presidente relatou que acha irrelevante este assunto, uma vez que a pauta dele é a questão da taxa de juros. O presidente reclamou da decisão do Banco Central afirmando que “não existe nenhuma razão para a taxa de juros estar em 13,75%”
Além disso, o petista apontou que o Brasil não está em uma situação em que as pessoas estão comprando em excesso, e reclamou da meta de inflação, atualmente em 3,25%, que ele classificou como um exagero.
O petista ainda recomendou para o jornalista Kennedy Alencar perguntar se os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, estão satisfeitos com a atuação do presidente do BC. “Eu acho que eles imaginavam que, fazendo o Banco Central autônomo, a economia voltaria a crescer, os juros abaixariam e tudo ia ser maravilhoso”, desabafa.
Lula relembrou a sua relação com Henrique Meirelles, ex-presidente do órgão. Segundo o atual chefe do Executivo, Meirelles, em sua época, tinha “toda a autonomia para fazer a política monetária que ele quis fazer”.
+Os 10 maiores bancos da América Latina. Banco do Brasil ocupa segunda posição
Lula se queixou da meta de inflação, atualmente está em 3,25%. A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O presidente classificou a meta de 3,25% como um exagero, uma vez que ela está sendo superada de longe nos últimos dois anos.
“Eu estou dizendo que o Brasil não precisava disso. Então, ele [Campos Neto] quer chegar à inflação padrão europeu? Não. Nós temos que chegar à inflação padrão Brasil. Uma inflação de 4,5% no Brasil, de 4%, é de bom tamanho se a economia crescer. Agora, você faz uma meta que é ilusória, você não a cumpre, e por conta disso, você fica prejudicando o crescimento do país”, reprova o presidente.
+++Acompanhe as principais informações sobre Sociedade e Brasil no JC Concursos
Sociedade Brasil