Jornal teve acesso a troca de mensagens na qual revela suposto recebimento de pedras preciosas por Bolsonaro em garimpo ilegal; Saiba os detalhes
Jean Albuquerque Publicado em 03/08/2023, às 17h41
A Polícia Federal pode investigar se uma caixa com supostas pedras preciosas recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro na cidade de Teófilo Otoni, no ano passado são oriundas do garimpo ilegal.
A informação foi revelada por reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, que teve acesso a mensagens trocadas por militares vinculados à Presidência da República, obtidas pela CPMI de 8 de janeiro. O conteúdo de e-mails indica que os presentes não teriam sido cadastrados oficialmente.
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O jornal Estadão teve acesso a correspondências eletrônicas trocadas entre os primeiros-tenentes do Exército Adriano Alves Teperino e Osmar Crivelatti, juntamente com o segundo-tenente da Força, Cleiton Henrique Holzschuk.
Esses três militares atuavam como ajudantes da Ordem da Presidência da República durante o governo Bolsonaro. Crivelatti desempenhava um papel de destaque como braço direito do tenente-coronel Mauro Cid.
O conhecido como "faz-tudo" do ex-presidente e que atualmente se encontra preso desde maio, acusado de inserir dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.
Os e-mails em questão possuem o título "Passagem do Serviço Coordenação AJO/PR. Observações eventuais" e apresentam listas numeradas contendo detalhes das atividades que os militares deveriam cumprir.
A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) obteve acesso a essas trocas de e-mails que foram enviadas entre os dias 26 de outubro e 11 de novembro do ano anterior.
Uma das mensagens, datada de 27 de outubro às 18h21, foi assinada pelo então coordenador administrativo da Ajudância de Ordens da Presidência da República, Cleiton Henrique Holzschuk.
Nessa comunicação, o militar envia as atribuições aos seus dois colegas. O item número 36 da lista, intitulado "Presente PR", trata das supostas pedras, sem fornecer mais detalhes sobre o contexto dessas referidas pedras.
"Em 27/10/2022, foi guardado no cofre grande, 01(um) envelope contendo pedras preciosas para o PR (presidente da República) e 01 (uma) caixa de pedras preciosas para a PD (primeira-dama), recebidas em Teófilo Otoni em 26/10/2022", diz mensagem.
"A pedido do TC Cid, as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele. Demais dúvidas, Sgt Furriel está ciente do assunto", indica o e-mail.
Outro e-mail datado de 31 de outubro, às 18h58, foi assinado por Osmar Crivelatti. Nesta mensagem, as "pedras preciosas" são tratadas no item 24 da "passagem de serviço", o que indica que outros afazeres que constavam da lista já haviam sido finalizados.
É importante ressaltar que Bolsonaro esteve na cidade mineira em 26 de outubro do ano passado, durante o 2º turno da campanha eleitoral contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Naquela data, o então presidente discursou durante um comício, ao lado do pastor Silas Malafaia e do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).
Atualmente, Crivelatti é um dos assessores pessoais de Bolsonaro. O militar entregou à Polícia Federal (PF) as armas que o ex-presidente recebeu dos Emirados Árabes Unidos com o advogado Paulo Cunha, que representa Bolsonaro.
A existência do e-mail foi revelada durante uma sessão da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) realizada em 8 de janeiro, terça-feira, pela deputada Jandira Feghali, representante do PCdoB-RJ.
A parlamentar informou que obteve a informação sobre as "pedras preciosas" após examinar "mil e-mails" que foram entregues à comissão. "Essas pedras nunca foram registradas nem como presente ao presidente da República e à primeira-dama nem em lugar nenhum", afirmou Feghali em declaração ao Estadão.
Em relação ao caso, a deputada informou na quarta-feira (2), que solicitou a convocação de Osmar Crivelatti e Cleiton Holzschuk, os signatários das mensagens. Além disso, ela afirmou que denunciará o assunto ao Tribunal de Contas da União (TCU), ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Polícia Federal (PF).
"Ele era presidente à época, então, presta contas ao TCU", explicou Feghali. "Pedimos a quebra de sigilo da Michelle, do Bolsonaro e a movimentação do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) dos dois. É importante saber o volume de recursos que circularam."
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