Pomada de cabelo que pode provocar cegueira temporária é apreendida pela Anvisa; veja a marca

De acordo com os relatos, a empresa que fabrica a pomada de cabelo funciona desde 2016 mesmo com licença cancelada. Cerca de 150 pessoas tiveram problemas de saúde

Pedro Miranda   Publicado em 10/01/2023, às 20h13

Divulgação/JC Concursos

Nas últimas semanas, muitas mulheres do Rio de Janeiro (RJ) que usaram uma pomada de cabelo para fazer tranças, passaram a relatar problemas de saúde após contato com a água. Cerca de 150 pessoas tiveram irritação nos olhos e, em alguns casos, até mesmo cegueira temporária.

Por causa disso, a Secretaria estadual de Saúde do RJ determinou a apreensão pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de todos os produtos da empresa Microfarma Indústria e Comércio LTDA do comércio no estado, principalmente das pomadas de cabelo Cassu Braids, que causaram os problemas de saúde nas vítimas.

De acordo com os relatos, a empresa funciona desde 2016 mesmo com licença cancelada e cadastro irregular do CNPJ. A Anvisa já havia determinado a suspensão da fabricação, propaganda e venda do produto. Agora deve investigar as substâncias que causam esses sintomas.

O rótulo do produto inclui instruções para evitar o contato com os olhos e mucosas e para remover a pomada antes de ir a locais como piscinas, praias e cachoeiras.

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Dermatologista alerta para a compra de produtos apenas com o selo da Anvisa

Outra mulher teve os mesmos sintomas após fazer mergulho no mar.

 

A auxiliar administrativa de uma escola, Ana Cláudia Alves Duarte, contou à Radioagência Nacional o que sentiu depois de usar a pomada de cabelo. Além dela, outra mulher teve os mesmos sintomas após fazer um mergulho no mar.

“Eu fiz as tranças com uma trancista e o produto, ao meu ver, em contato com o cloro escorreu quando estava na piscina, que causou uma ardência muito forte. E depois, à noite, estava com as duas vistas embaçadas, e no dia seguinte acordei com a vista esquerda totalmente embaçada e irritada”.

A coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Fabiane Molinari Brenner, alerta que antes de comprar cosméticos ou produtos de higiene pessoal, as pessoas devem ficar atentas se a embalagem tem registro na Anvisa.

“Nesse produto específico, ele apresenta provavelmente concentrações mais altas desses conservantes e, além disso, [...] os conservantes são autorizados apenas para produtos com o enxágue imediato. Então, como essas tranças são realizadas e ficam no couro cabeludo, o paciente só vai imergir em água horas depois ou no dia seguinte, essa substância é liberada", explica Fabiane.

A empresa Microfarma não retornou os contatos feitos pela Radioagência Nacional.

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