Pesquisa do Ibre/FGV revela que os professores da educação infantil estão na lista dos piores salários para profissionais com diploma universitário
Jean Albuquerque Publicado em 16/10/2023, às 16h42
Os professores da educação infantil figuram na lista dos piores salários para profissionais graduados no Brasil, com remuneração média real de R$ 2.285, o que está abaixo de dois salários mínimos (R$ 2.640), de acordo com pesquisa do Ibre/FGV.
Com base nas 126 profissões listadas na Pnad Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo utilizou o recorte de trabalhadores do setor privado com ensino superior e cruzou com o rendimento médio do segundo trimestre de 2012 e do segundo trimestre de 2023.
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No Brasil, a educação é a área que predomina no ranking dos piores salários entre profissionais diplomados. Isso se aplica não apenas aos professores de educação infantil, cuja remuneração é de R$ 2.554, mas também a outros grupos, como os profissionais da educação especial, que recebem em média R$ 3.379, e os docentes do ensino fundamental, com uma média de R$ 3.554.
Ao analisar um período de 11 anos, segundo o levantamento, fica evidente que os salários dos professores de educação infantil permaneceram praticamente inalterados.
O aumento real, após descontar a inflação, foi de apenas 3%. De acordo com a classificação do IBGE, esses profissionais são considerados professores de ensino pré-escolar.
Além disso, o levantamento aponta que a remuneração de algumas profissões experimentou uma queda significativa desde 2012. Como exemplo, o salário médio dos professores de arte caiu 45%, e o dos bibliotecários, documentaristas e áreas afins encolheu em 32%.
O rendimento médio do trabalhador no Brasil é de R$ 2.836, considerando todas as ocupações, independentemente da necessidade de diploma. Em contrapartida, médicos especialistas figuram como os profissionais mais bem remunerados do país, com um salário médio de R$ 18.475.
No âmbito do ensino privado, muitos professores se encontram em uma situação de competição por um número limitado de vagas. Conforme destacado pela pesquisadora Janaína Feijó, responsável pelo estudo e ouvida pelo UOL, esse grupo enfrenta um desequilíbrio entre a oferta de mão de obra e a demanda do mercado, o que, por sua vez, resulta na queda dos salários.
A pesquisadora destaca que outro desafio que afeta esses profissionais é a falta de especialização. Ela observa que aqueles que lecionam em instituições públicas têm à disposição políticas de incentivo para aprimorar suas qualificações, como a busca por mestrados e doutorados. Um currículo mais robusto amplia as perspectivas de obter uma remuneração mais satisfatória.
Feijó ainda sugere que a relação entre a oferta de empregos e a demanda por trabalho continuará sendo desfavorável para os profissionais da educação infantil, os quais, inevitavelmente, terão que se adaptar e se manter atualizados em relação aos avanços tecnológicos.
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