Pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) trouxe à tona dados sobre a defasagem do salário mínimo no Brasil
Mylena Lira Publicado em 06/09/2023, às 23h26
Uma pesquisa recente realizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) trouxe à tona dados sobre a defasagem do salário mínimo nacional no Brasil. Segundo o estudo, o valor está defasado em quase 500% em relação à quantia necessária para suprir as despesas de uma família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
O Dieese utiliza como base o valor da cesta básica mais cara, que em agosto de 2023 foi registrada em Porto Alegre, com o custo de R$ 760,59, bem como levando em conta a determinação constitucional de que o salário mínimo deve ser suficiente para atender a essas necessidades de um trabalhador e de sua família.
Em agosto, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.389,72, o que representa 4,84 vezes ou 482% o mínimo vigente de R$ 1.320,00. Em julho, esse valor era de R$ 6.528,93, correspondendo a 4,95 vezes o piso mínimo. No mesmo mês do ano anterior, agosto de 2022, o valor necessário era de R$ 6.298,91, ou 5,20 vezes o valor então vigente, que era de R$ 1.212,00.
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O estudo do Dieese também avaliou o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica em relação ao salário mínimo. Em agosto de 2023, um trabalhador remunerado pelo salário mínimo comprometeu em média 53,57% do seu rendimento líquido para adquirir os produtos alimentícios básicos, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social. Em julho, esse percentual foi de 54,61%, e em agosto de 2022, atingiu 58,54%.
Em São Paulo, município que registrou a segunda cesta básica mais cara do país, para adquirir os itens básicos necessários em agosto de 2023, um trabalhador remunerado pelo salário mínimo precisou trabalhar 124 horas e 45 minutos. Em julho, eram necessárias 128 horas e 20 minutos, enquanto em agosto de 2022, quando o salário mínimo era de R$ 1.212,00, eram necessárias 136 horas e 06 minutos.
Considerando o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, em agosto de 2023, o trabalhador paulista comprometeu 61,30% de sua renda líquida para adquirir a cesta básica, que é suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Em julho, o percentual gasto foi de 63,06%, enquanto em agosto de 2022, atingiu 66,88%.
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Na cidade de São Paulo, em agosto de 2023, o custo da cesta básica foi o segundo mais alto entre as 17 cidades pesquisadas, totalizando R$ 748,47. No entanto, esse valor teve uma queda de -2,79% em relação a julho e uma diminuição de -0,17% em relação a agosto de 2022. No acumulado dos primeiros oito meses do ano, a cesta básica teve uma redução de -5,41%.
Entre julho e agosto de 2023, nove produtos tiveram queda nos preços médios, incluindo batata, tomate, feijão carioquinha, óleo de soja, carne bovina de primeira, farinha de trigo, café em pó, arroz agulhinha e leite integral. Por outro lado, banana, açúcar refinado, pão francês e manteiga apresentaram aumento nos preços.
No acumulado dos últimos 12 meses, sete dos 13 produtos da cesta básica registraram aumento nos preços, com destaque para o tomate, com uma elevação de 36,66%. Em contrapartida, produtos como óleo de soja, leite integral, feijão carioquinha, carne bovina de primeira, café em pó e farinha de trigo tiveram redução no preço médio.
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