Ao todo, foram registradas cerca de 50 mil candidaturas no concurso Alesp, que aplicou prova no último domingo (1º). Sociólogo Fernando Franzoi, professor membro no canal do YouTube JC Concursos, dá dicas sobre o tema
MYLENA LIRA | REDACAO@JCCONCURSOS.COM.BR Publicado em 03/05/2022, às 16h48 - Atualizado às 17h03
Candidatos inscritos no concurso Alesp realizaram as provas objetiva e discursiva no último domingo, 1º de maio. Ao todo, foram registradas cerca de 50 mil candidaturas. A primeira avaliação cobrou a resolução de 60 questões de múltipla escolha, enquanto a segunda exigiu a elaboração de uma redação. Para o cargo de analista, carreira que contava com 24 vagas das 118 ofertadas, o tema da redação foi Inteligência Artificial (IA).
O sociólogo Fernando Franzoi, colunista do JC Concursos e professor membro no canal do YouTube JC Concursos, fez uma análise sobre o tema, com dicas que podem ser aproveitadas para eventuais novos certames que cobrem conhecimento no assunto. A Fundação Vunesp, banca organizadora da seleção, trouxe dois textos sobre IA e, ao final, com base na leitura e nos conhecimentos prévios do candidato sobre o tema, pediu a escrita de um texto argumentativo-dissertativo para responder se "os beneficios da Inteligência Artificial superam os danos que essa tecnologia pode causar ao desenvolvimento da humanidade?".
"A Inteligência Artificia (IA) é uma tecnologia que busca reproduzir a inteligência humana em computadores. Por meio da análise de milhões de dados, as máquinas são capazes de perceber variáveis, tomar decisões e resolver problemas. São softwares e robôs que operam em uma lógica semelhante ao raciocínio humano. Essa ideia ainda pode parecer futurista, mas já está bem presente e provocando verdadeiras transformações nas mais diversas áreas", ressalta o primeiro parágrafo do texto 1, originalmente publicado no site G1, em 2019, e adaptado para a prova.
O segundo texto reforça como a IA está presente nas nossas vidas: streaming (netflix), trânsito (GPS) etc. De acordo com o texto, a IA é tão importante como a eletricidade. Contudo, o autor alerta para as consequências negativas provocadas por esse tipo de tecnologia. Ao mencionar o recurso de reconhecimento facial, por exemplo, ele diz que foram registradas falhas em até 34% dos reconhecimentos de pessoas negras, o que intensificaria o preconceito.
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Franzoi ressalta que a inteligência artificial "melhora a forma como a gente acessa as informações e sobretudo como a gente toma as decisões". É muito comum o uso da IA para identificar os gostos e as rotinas do usuário na internet para direcionar anúncios que supostamente sejam do seu interesse, de acordo com os dados coletados pelos portais e aplicativos. A IA, assim como tomografias ou exames de imagens, pode dizer qual é o diagnóstico da pessoa, frisa o professor.
Quem nunca pesquisou um item online e, na sequência, ao acessar a rede social, deparou-se com um anúncio do produto, muitas vezes em promoção, não é mesmo? Há quem desconfie que os celulares ouvem tudo o que se fala e também direciona propagandas a partir disso, mas as empresas não admitem essa prática. O filtro seria feito pela busca realizada na internet, curtidas em posts e páginas acessadas, por exemplo. Até mesmo a conduta de amigos e familiares na internet influencia o direcionamento feito ao usuário.
Porém, o especialista pontua que não podemos adotar uma visão maniqueísta sobre o tema para desenvolver a redação: há o lado positivo e o negativo, conforme ficou claro nos dois textos que introduziram o assunto ao candidato. Portanto, a primeira dica do professor é justamente argumentar nos dois sentidos, pois a Vunesp pediu o posicionamento sobre o tema.
Segundo Franzoi, entre os diversos argumentos possíveis, um que poderá ser bem analisado pelo examinador é: a inteligência artifical exige postura ética. "Nós estamos atualmente numa sociedade chamada 5.0, uma sociedade do bem viver. Logicamente, nós passamos enquanto humanidade pela sociedade da coleta, agricultura e da indústria (quando surgiram computadores e outras tecnologias). Dessa evolução com a sociedade informática, que se expandiu de uma forma assustadora, chegamos na sociedade 5.0, que demanda respeito ao ser humano", ressalta. Entretanto, vemos nas redes sociais a intensificação da discriminação, do ódio.
O professor explica que a escola, a educação das pessoas, tem um papel fundamental nesse processo do uso da IA, argumento que também cabe nesse contexto. Em concursos futuros, ele frisa a impotância de mencionar que a educação é a chave para a mudança do mundo, para termos sujeitos mais participativos, inventivos, cooperativos e preparados. "Sim, pode ser que a inteligência artifical atinja esses graus de competências humanas e venha a beneficiar de forma mais radical a humanidade, aumentando a produtividade e reduzindo as desigualdades", afirma. Porém, sem uma postura ética, sem a visão do ser humano no centro desse universo, haverá malefícios à sociedade.
A dica chave de ouro dada por Franzoi é argumentar que deve ocorrer o emprego de três competências transformativas no desenvolvimento, uso e controle da IA:
Essas são competências de alto nível que a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) propõe porque somente o ser humano é capaz de concretizá-las. As máquinas não têm essa capacidade. Portanto, respondendo a pergunta feita pela Vunesp (se os benefícios da IA superam os malefícios), o professor conclui:
"Superam se houver a ética e se for possível que o ser humano faça a valorização, a mediação de conflitos e a responsabilização. Por isso existem as regulações, a lei de proteção de dados, as políticas de privacidade, regras de confidencialidade, ordenamento jurídico internacional e responsabilização de crimes cibernéticos. Tudo isso vem para conter eventuais malefícios da má aplicação da inteligência artificial", finaliza.
Confira a análise completa no vídeo abaixo:
+++ O JC Concursos disponibiliza mais detalhes sobre o processo seletivo, como atribuições e cronograma, na página do concurso da Alesp.
concursos publicos concursos abertos concursos sp (são paulo) Sociedade BrasilA Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) tem como atribuições: legislar, apresentando, discutindo e deliberando proposições legislativas instituindo normas para o cumprimento de direitos e deveres na sociedade, através de projetos de leis, moções, resoluções, emendas, decretos legislativos; fiscalizar e controlar, acompanhando a execução das ações e atos da Administração, tais como a execução orçamentária, contas, contratos e o cumprimento dos objetivos institucionais nas ações de governo; investigar, averiguando a ocorrência de ilícitos, em fatos determinados, propondo soluções, através das Comissões Parlamentares de Inquérito.
Criada em 1979, a Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (Vunesp) possui personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos. A banca tem como principais atividades: planejar, organizar, executar e supervisionar o vestibular da Unesp; realizar vestibulares e concursos diversos para outras instituições e promover as atividades de pesquisa e extensão de serviços à comunidade, na área educacional.