O novo currículo do ensino médio em São Paulo e terá início em 2021 para os alunos da 1ª série; 2022 para os alunos da 2ª e 2023 para o último ano
Redação Publicado em 04/08/2020, às 11h06
O concurso SEE SP (Secretaria Estadual de Educação de São Paulo) pode ter alterações na distribuição dos cargos para professores devido a homologação do novo currículo para o ensino médio. Na última segunda-feira (03), o governador João Doria anunciou a homologação em entrevista coletiva. Vale lembrar que o currículo foi aprovado dia 29 de julho, por votação unânime, pelo Conselho Estadual da Educação de São Paulo.
O currículo está alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino médio, homologada pelo atual secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, quando ocupou o cargo de ministro da Educação, em dezembro de 2018. Durante a coletiva, Rosseli disse que São Paulo sempre foi referência quando se fala em construção curricular e vai servir de grande exemplo. “Nosso bônus demográfico acaba agora, entre o final do ano de 2022 para 2023. Começamos a virar a chave e teremos menos jovens, por isso, formá-los cada vez melhor será ainda mais importante para o nosso país”, disse o secretário.
O novo currículo terá 12 opções de cursos, chamados de itinerários formativos e permitirá aos alunos escolher as disciplinas com as que mais se identifiquem. A previsão é de que o currículo seja implementado progressivamente aos alunos da 1º série do ensino médio em 2021. Em 2022, para os estudantes da 2º série, e para a 3ª série, em 2023.
Rossieli disse que, se não houver uma das opções perto da casa do estudante, ele poderá fazer uma parte em outra escola. “Estamos falando de um leque de opções, onde as escolas poderão trabalhar. Estamos trabalhando em modelo em que o jovem poderá fazer parte em uma escola e parte em outra. Mas a criação dos itinerários é para atender esse tipo de demanda. Existem itinerários que são previstos como unificados. Isso vai depender do projeto de cada uma das escolas”, explicou.
O processo de construção do currículo foi iniciado em 2019 com uma pesquisa entre 140 mil estudantes e 70 mil profissionais da rede. Também foi debatido em seminários e por meio de consulta pública. “Somente no período da pandemia tivemos seis seminários, com 70 mil profissionais da rede participando, e uma consulta com 397 mil contribuições, ou seja, um documento construído coletivamente com muitas críticas e sugestões”, enfatizou o secretário.
Durante a coletiva, foi apresentada a nova coordenadora da Escola de Formação de Professores de São Paulo, Raquel Teixeira, que foi deputada federal e secretária de Educação de Goiás. Raquel enfatizou a importância dos professores. “Se havia alguma dúvida da importância do papel dos professores, essa pandemia escancarou a essencialidade desses profissionais. Assumir a escola de formação de professores num momento de profundas mudanças, é uma tarefa que assumo com enorme entusiasmo.”
Raquel disse ainda sobre o desafio de treinar os professores para tantas novidades, no meio de uma pandemia: “Formação é a essência de estarmos preparados para os novos desafios. A reforma do ensino médio começa no ano que vem, por algumas escolas de forma gradual. Com o retorno presencial, poderemos avaliar o que alunos aprenderam, ou não, com ensino remoto e daremos maior apoio ao professor para o reforço e reconquista das aprendizagens perdidas”.
A professora, que é formada em letras, mestre pela Universidade de Brasília (UnB) e doutora em linguística pela Universidade da Califórnia, Estados Unidos, assume a Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação Paulo Renato Costa Souza (Efape) de São Paulo.
O currículo do ensino médio paulista está estruturado em 3.150 horas, distribuídas em um período de três anos. Do montante total da carga horária, 1.800 horas são destinadas à formação básica e o restante, 1.350 horas, é referente aos itinerários formativos. Estes itinerários terão mais do que a carga mínima prevista na legislação, que é de 3 mil horas.
Na formação geral básica, os estudantes terão os componentes curriculares divididos em áreas de conhecimento como linguagens e suas tecnologias (língua portuguesa, artes, educação física e língua estrangeira); matemática; ciências humanas e sociais aplicadas (história, geografia, filosofia e sociologia); e ciências da natureza e suas tecnologias (biologia, química e física).
Na carga horária referente aos itinerários formativos, o estudante precisa escolher uma ou duas áreas de conhecimento da formação geral para aprofundar seus estudos, ou ainda, a formação técnica e profissional para se especializar.
Os componentes do programa Inova Educação também farão parte dos itinerários formativos, com as disciplinas de eletivas (educação financeira, teatro, empreendedorismo), projeto de vida (aulas que ajudam o estudante na gestão do próprio tempo, na organização pessoal, no compromisso com a comunidade) e tecnologia e inovação (mídias digitais, robótica e programação).
“Incluímos algo que é inovador e fundamental para o nosso país. Precisamos, desde o ensino médio, incentivar mentes para serem professores para a transformação do país. Precisamos atrair talentos, teremos itinerário formativo para incentivar também a formação de professores”, destacou Rosseli.
*reprodução Agência Brasil
As seleções para o magistério costumam ser bastante disputados, tendo em vista que o último concurso SEE SP para professor PEB II, considerado um dos maiores já realizados pelo estado, registrou nada menos do que 322.700 inscritos para a generosa oferta inicial de 59 mil oportunidades. A seleção de 2013 contou com oportunidades de professor em todas as diretorias de ensino do estado, nas disciplinas de artes, biologia, ciências físicas e biológicas, educação física, filosofia, geografia, história, língua inglesa, língua portuguesa, língua espanhola, matemática, química, sociologia e educação especial. A banca organizadora foi a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e os participantes foram submetidos a provas objetivas e dissertativas, abordando questões de conhecimentos pedagógicos e disciplinas específicas. Para a pontuação final também foram considerados títulos, com caráter apenas classificatório.
A parte objetiva contou com 80 questões, com temas sobre a formação básica do professor, comum a todas as disciplinas, e a formação específica, variando de acordo com a área. Já a parte dissertativa foi composta de duas questões, versando sobre conteúdo indicado na Resolução SE 52, de 2013.