O concurso Banco do Brasil bateu o recorde de inscritos, com mais de 1,6 milhão de candidatos para 4,4 mil vagas
Victor Meira | victor@jcconcursos.com.br Publicado em 12/08/2021, às 11h13
O novo concurso Banco do Brasil já pode ser considerado o maior da história. Na última quarta-feira (11), a instituição divulgou o número de inscritos para o processo seletivo, sendo 1.645.975 candidatos, sendo 1.605.751 para escriturário - agente comercial e 40.224 para escriturário na área de tecnologia da informação. Estes números revelam que este certame é o que teve a maior quantidade de inscritos. A equipe do JC Concursos aponta os motivos para explicar porque a seleção no BB em 2021 pode ser considerada a maior de todos os tempos.
Antes de apresentar a conjuntura que explica o motivo do concurso Banco do Brasil ter tantos inscritos, é importante destacar que o processo seletivo em si já é muito interessante. O certame no BB oferece 4.480 vagas para escriturário em todo o país, considerando os 26 estados e o Distrito Federal.
A remuneração inicial da carreira é de R$ 3.022,37, além de ajuda alimentação/refeição de R$ 831,16 e cesta alimentação no valor de R$ 654,87, totalizando R$ 4.508,40. Além disso, a instituição oferece outros atrativos:
Por ser um cargo que exige apenas o ensino médio, os salários estão muito acima da média paga aos trabalhadores brasileiros. Segundo um estudo divulgado pelo Jornal Estado de São Paulo, em 2020, a remuneração média para quem tem nível médio completo é de R$ 1.694,00. Uma diferença de 43% entre um salário no Banco do Brasil e a média geral.
Se o concurso do Banco do Brasil pode ser considerado o maior da história, a taxa de desemprego também tem esse título. De acordo com os dados da última PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita no trimestre de março a maio de 2021 , do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego está em 14,6%, a segunda maior marca desde os registros de 2012.
Vale destacar que a maior taxa foi registrada nos dois trimestres anteriores, atingindo a marca de 14,8% de pessoas sem emprego. Agora vamos traduzir essa porcentagem em números concretos, são 14,8 milhões de pessoas buscando por uma oportunidade no mercado de trabalho no país.
O concurso Banco do Brasil vislumbra uma oportunidade de emprego em um país que apresenta alta de desemprego e uma crise econômica aprofundada pela pandemia de covid-19. Ainda mais que o BB oferece salários e benefícios acima da média.
Desde 2015, o Brasil tem pouquíssimos concursos federais de destaque. A crise econômica sempre foi a principal justificativa dos presidentes e governadores de liberarem recursos para promover novos certames. Ainda que os órgãos federais e estaduais apresentem estudos, que divulgamos no JC Concursos semanalmente, sobre o déficit de servidores, não há expectativa de quando essas serão preenchidas.
Em 2015, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) anunciou um concurso para preencher 950 vagas para os cargos de técnico e analista de seguro social. Antes disso, em 2014, a Caixa publicou um edital para o cargo de técnico bancário novo, só que para cadastro reserva. Inclusive, estes dois processos seletivos eram considerados os maiores antes do concurso do Banco do Brasil.
Apesar deste cenário, o governo Bolsonaro tem liberado concursos públicos para a área de segurança pública. Em 2021, foram publicados os editais dos certames para PF e PRF (Polícia Rodoviária Federal). O primeiro contou uma oferta de 1,5 mil vagas para os cargos de agente, delegado, escrivão e papiloscopista. Enquanto que o segundo preencheu 1,5 mil para policiais rodoviários federais.
A escassez de grandes concursos públicos já era uma realidade, mas a pandemia de covid-19 provocou uma onda de cancelamentos e adiamentos de processos seletivos. A primeira justificativa para essa onda foi sanitária. No auge da pandemia com fechamento de escolas e comércio, as bancas organizadoras e os órgãos públicos decidiram não realizar as provas para manter o distanciamento social.
A segunda justificativa foi que a pandemia demandava gastos para área da saúde. Portanto, a contratação de novos servidores não era a prioridade do momento. Além disso, diversos governos estaduais e municipais limitaram os gastos públicos, motivo que inviabilizou a realização de grandes concursos.
Outro motivo que pode ter levado as pessoas a se inscreverem no concurso do Banco do Brasil é a reforma administrativa. A reforma administrativa é uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), enviada pelo governo federal ao Congresso, para reestruturar o funcionalismo público no Brasil. Dentre as principais propostas, podemos destacar o fim da estabilidade, licença prêmio, aumentos retroativos, etc.
O texto está sendo debatido em comissões da Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), prometeu que a PEC pode ser colocada em plenário até o final de agosto. Caso seja aprovada na Câmara, ela será enviada para o Senado discutir o assunto, para que enfim seja mandada para sanção presidencial.
Segundo o edital do concurso do Banco do Brasil, o resultado final será divulgado no dia 21 de dezembro. Alguns concurseiros têm a expectativa de serem empossados antes da aprovação da reforma administrativa. Segundo especialistas em direito do trabalho, se a posse ocorrer antes da reforma, o futuro servidor terá o direito adquirido e não será regido pelas regras da reforma.
Então, como o rito para que a PEC seja promulgada pode demorar mais um pouco, a expectativa é de que o concurso Banco do Brasil pode ser o último grande processo seletivo público antes da reforma administrativa.
+++ O JC Concursos disponibiliza mais detalhes sobre certame, como atribuições, conteúdo programático e cronograma, na página do concurso do Banco do Brasil
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