Mostra do museu de história natural de Nova York que causou polêmica entre evolucionistas e criacionistas cheg
Redação Publicado em 14/05/2007, às 15h32
Mostra do museu de história natural de Nova York que causou polêmica entre evolucionistas e criacionistas chega ao Brasil
por Edson Franco
Com milênios de existência, a idéia de que um criador sobrenatural teria sido o responsável pela variedade de organismos espalhados pela Terra - o criacionismo - chegou ao paroxismo em 1802, quando o teólogo inglês William Paley escreveu a "teoria do relojoeiro". Segundo ela, ao encontrar um relógio no chão, imediatamente pensaríamos que aquilo não era produzido por processos naturais, mas sim por um criador, assim como as espécies. Para muitos isso era argumento suficiente para explicar a Criação. E assim foi pelo menos até 1859, ano em que o naturalista inglês Charles Darwin publicou o seu "A Origem das Espécies", defendendo que a evolução era a resposta mais inteligente para explicar o design da natureza. A questão parecia encerrada.
Parecia. Quando estreou no Museu de História Natural de Nova York há dois anos, a mostra "Darwin - A Descoberta do Homem e a Revolucionária Teoria que Mudou o Mundo" fez sair do ostracismo hordas cristãs que defendiam o criacionismo. O debate chegou a tal ponto que o próprio presidente George W. Bush congregou-se com os cristãos do sul dos EUA e chegou a defender que a tese do criador supremo tivesse o mesmo peso na grade escolar que a teoria da evolução. E agora, a partir do dia 4 de maio, essa exposição chega ao maior país católico do mundo. Mas, como os cristãos daqui parecem ser mais espertos que os de lá, em vez de polêmica, a mostra vai gerar a oportunidade de conhecer o homem que mais respostas deu a respeito do próprio homem.
Numa área de 1.200 m2 no Museu de Arte de São Paulo (Masp), a exposição vai reunir mais de 400 peças, 100 manuscritos originais, filmes, vídeos, plantas e animais vivos. Dividida em oito seções, a mostra aborda como era o mundo antes das descobertas de Darwin, como foi a sua educação, a viagem de cinco anos no navio Beagle (o evento mais importante na sua carreira como naturalista), a formulação de sua principal teoria, os métodos de pesquisa que empregava e como as suas idéias chegam ao século 21. Mesmo os criacionistas vão se impressionar com alguns objetos expostos, entre eles a Bíblia e a pistola do naturalista. Para os demais, o mais interessante será conhecer a lente original com que Darwin curou a cegueira de parte da humanidade.
A exposição sobre Darwin é apenas a ponta do iceberg. Responsável pela mostra, o Instituto Sangari Brasil assinou um acordo com o Museu de História Natural de Nova York e promete trazer ao menos duas mostras relevantes por ano ao País. A empresa é um braço do Grupo Internacional Sangari, criado na Inglaterra por Antony Sangari em 1965. A filial daqui surgiu há dez anos e foi fundada por Ben Sangari, filho de Antony.
Nascido no Irã, Ben vive hoje em São Paulo, onde capitaneia o desenvolvimento de um programa para o ensino de ciência em escolas públicas e privadas. Criado totalmente no Brasil e já implantado em escolas de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, o projeto vem sendo procurado por instituições de várias partes do mundo. "Quando começamos, nosso departamento comercial tinha três pessoas. Hoje tem 43", disse o físico e empresário durante almoço com Galileu.
Galileu: Por que Darwin?
Ben Sangari: Porque ele é o responsável pela maior revolução na história da ciência. Graças a ele sabemos muito mais respostas sobre quem somos e de onde viemos. E o impressionante é que tudo o que ele usou para chegar lá foi uma lupa. Pela importância de suas descobertas, é o melhor nome para inaugurar essa parceria entre nós e o Museu de História Natural de Nova York.
Galileu: E o que vem por aí?
Sangari: Ainda não temos um calendário fechado, mas é certo que iremos trazer duas exposições por ano ao Brasil. Posso adiantar que teremos mostras sobre pérolas, genoma e Einstein.
Galileu: Essas mostras fazem parte do programa para o ensino de ciência da sua empresa?
Sangari: Com certeza. Nas atividades paralelas, teremos cursos e palestras sobre Darwin para ajudar na formação de professores. Além disso, esperamos receber 100 mil estudantes. A exposição é montada com o intuito de acender a fagulha do conhecimento na cabeça deles. Exatamente como o nosso programa.
Galileu: E por que ciência é tão importante no ensino fundamental?
Sangari: O que as crianças aprendem nessa fase? Basicamente a ler, a escrever e matemática. Apesar de fundamentais, essas habilidades são apenas ferramentas, e não um fim em si. Ensinada de maneira estimulante, a ciência desperta na criança o interesse pelo saber e, melhor, faz com que, no futuro, a distância tecnológica entre o Brasil e os países do Primeiro Mundo deixe de existir.
"Darwin - A Descoberta do Homem e a Revolucionária Teoria que Mudou o Mundo"
Duração: de 4/5 a 15/7
Local: Masp: av. Paulista, 1.578, São Paulo, tel. 3251-5644
Site:
* Artigo extraído, na íntegra, do site da revista Galileu (
www.revistagalileu.com.br)