Vagas de emprego caem 1,5% semana a semana nos EUA em meio a surto de coronavírus

De acordo com uma pesquisa realizada pela Glassdoor, as vagas vinham aumentando constantemente nos dois primeiros meses do ano, antes de reverter o curso no início de março

Leandro Cesaroni | leandro@jcconcursos.com.br   Publicado em 23/03/2020, às 09h50

O Time de Pesquisa Econômica do Glassdoor vem analisando constantemente como o mercado de trabalho está respondendo ao surto de coronavírus com base dos dados da plataforma. Nas últimas semanas, a pesquisa forneceu algumas das primeiras evidências quantitativas de aumento da contratação na área da saúde e do sentimento dos funcionários em relação à pandemia do coronavírus (Covid-19).

Agora, análise revela que o número de vagas de emprego nos Estados Unidos vem diminuindo levemente a cada semana, de acordo. Na sexta-feira, 13 de março, a queda foi de 1,5% em relação a 6 de março - as vagas vinham aumentando constantemente nos dois primeiros meses do ano, antes de reverter o curso no início de março. 

"Houve um aumento das vagas de emprego no início de 2020, o que oferece ao mercado de trabalho alguma proteção contra uma desaceleração induzida pelo surto de COVID-19. No entanto, uma queda prolongada representaria um risco a longo prazo para o mercado de trabalho e para a economia em geral", afirma Daniel Zhao, economista sênior do Glassdoor. 

Por que um declínio de 1,5% é importante?

"Pode parecer incomum que as vagas de emprego estejam diminuindo apenas 1,5% a cada semana em meio à extrema volatilidade no mercado de ações, às rápidas mudanças no comportamento dos consumidores e às ações cada vez mais agressivas de entidades governamentais em resposta ao surto. Mas, para termos um contexto, um declínio de 1,5% semanalmente agora é equivalente a 89.000 vagas a menos, um declínio substancial para apenas uma semana", explica Daniel. 

Segundo o economista, em tempos de economia saudável, os declínios semanais nas vagas de emprego são normalmente seguidos por uma recuperação na semana seguinte. Mas, dado o surto em rápida evolução, isso parece improvável hoje. Uma queda semelhante nas próximas quatro semanas resultaria em 356.000 menos vagas disponíveis nos Estados Unidos, o pior declínio mensal nos últimos quatro anos.

"No geral, ainda não está claro qual será o impacto do coronavírus nas vagas de emprego a longo prazo. Mesmo que as empresas afetadas publiquem menos vagas novas, as não preenchidas podem permanecer abertas por mais tempo, pois é preciso adaptar processos de contratação durante a pandemia Isso pode resultar em poucas alterações líquidas na quantidade de vagas, apesar de grandes alterações nos fluxos", avalia.

Tendências por setor

Apesar da pequena variação no número de vagas abertas quando se considera o mercado norte-americano com um todo, o cenário muda quando se analisa setor a setor:

"Em tempos de rápida mudança, os dados do Glassdoor sugerem que o mercado de trabalho está desacelerando, mas não está em queda. No entanto, se o declínio nas ofertas de emprego continuar à medida que o surto se agrava, é possível uma desaceleração mais dramática", conclui Daniel.

Metodologia

Os dados para as datas selecionadas são gerados com base na metodologia usada no Relatório mensal do mercado de trabalho do Glassdoor, que fornece uma visão em tempo real das tendências de contratação e aumento de salários nos EUA com base em milhões de vagas e salários on-line na plataforma. Os dados representam uma captura instantânea do número de vagas disponíveis no Glassdoor nas datas especificadas. As datas históricas são as sextas-feiras comparáveis da semana anterior, mês anterior e ano anterior. Nenhum ajuste adicional de suavização, média ou sazonalidade foi realizado. 

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