O salário deste profissional pode ultrapassar os R$ 10 mil
Redação Publicado em 04/04/2008, às 11h33
Quem sempre recebeu broncas dos pais durante a infância por desmontar (e tentar remontar) todos os brinquedos que ganhava, ou mesmo sonhava em ser um cientista, finalmente, pode ter suas idéias “compreendidas”, caso ingresse na carreira abordada, nesta semana, pela seção “Profissões & Cursos”: trata-se da Engenharia Naval. Leia a entrevista concedida pelo engenheiro Luiz Antonio Vaz Pinto - professor adjunto e coordenador de graduação do Centro de Tecnologia C-209, da Ilha do Fundão (UFRJ) - e comece a ‘navegar’ por esta interessante carreira...
JC&E - O que faz o profissional dessa área?
Luiz Antonio Vaz Pinto - O Engenheiro Naval atua em projetos de navios e plataformas offshore [exploração petrolífera em alto-mar], sendo capacitado a dimensionar estruturas, selecionar máquinas (propulsão e auxiliares), executar planejamento de construção e/ou reparo, avaliar os aspectos hidrodinâmicos do navio ou plataforma, bem como atuar no planejamento e operação do transporte aquaviário.
JC&E - Onde ele pode atuar? Em que tipo de empresa?
L.A. - Pode atuar em sociedades classificadoras (DNV, BV, ABS), Petrobras, órgãos do governo (BNDES, Ministério dos Transportes, Agências Reguladoras), companhias de navegação, estaleiros, escritórios de projeto e consultorias, empresas de petróleo em geral, terminais portuários, Marinha do Brasil e no Ensino Superior [como professor universitário].
JC&E - Qual é o perfil necessário para quem quer se tornar um profissional dessa área?
L.A. - O engenheiro é um curioso nato: desde cedo gosta de abrir os brinquedinhos pra ver “como funcionam”. O aluno, basicamente, deve ser interessado em pesquisa científica e atualização tecnológica. Muitos dos alunos do curso Naval são envolvidos em atividades do mar: gostam de velejar, viajar em barcos etc. e vislumbram a possibilidade de manter esse contato no exercício profissional.
JC&E - Fale um pouco sobre o curso de Engenharia Naval.
L.A. - Trata-se de um curso com duração prevista de 10 semestres letivos. Para a obtenção do diploma de Engenheiro Naval e Oceânico, o aluno deverá cumprir um mínimo de 4.766 horas/aula, abrangendo 59 disciplinas, sendo 55 obrigatórias, quatro denominadas ‘complementares de escolha condicionada’, duas ‘complementares de escolha restrita’, um ‘Estágio Supervisionado’, além de um ‘Projeto de Graduação’ (ambos requisitos curriculares suplementares). No Brasil, a UFRJ e a USP oferecem este curso. Uma particularidade dele é o desenvolvimento de projeto do navio envolvendo aspectos relacionados à sua integridade estrutural, desempenho hidrodinâmico, máquinas marítimas e transporte aquaviário.
JC&E - Como está o mercado de trabalho para profissionais desse segmento?
L.A. - O cenário atual é amplamente favorável aos Engenheiros Navais, mesmo para os recém-formados. Quase a totalidade dos alunos egressos (cerca de 30 por ano) encontra espaço no mercado de trabalho. Desde o final dos anos 90 existe um movimento de retomada do setor naval no país, que inclui a construção e reparo de navios e a construção de plataformas em nossos estaleiros, sobretudo no Estado do Rio de Janeiro, que responde ainda por mais de 80% da produção nacional de petróleo.
JC&E - Quais as áreas de atuação mais promissoras nessa carreira?
L.A. - O setor Offshore é considerado promissor. Espera-se que, no mínimo, nos próximos 20 anos a atividade de exploração de petróleo em águas profundas e ultra-profundas ainda seja bastante intensa. O Engenheiro Naval tem presença garantida no setor de exploração e produção de petróleo, executando atividades de projeto e operação de unidades offshore.
JC&E - Quais os pontos positivos e negativos para profissionais dessa área que ingressam no mercado de trabalho?
L.A. - Desde que o mercado de trabalho encontre-se “aquecido”, em geral, espera-se um rápido amadurecimento profissional do Engenheiro Naval recém-contratado. Em alguns casos, pouco tempo após a contratação, ele é alçado a posições de coordenação, onde é necessário ter equilíbrio e base de conhecimento para tomada de decisões. Alguns Engenheiros Navais que trabalham embarcados (em navios ou plataformas) podem sentir um pouco o afastamento da família.
JC&E - Qual a melhor maneira de iniciar, profissionalmente, no setor? Como o profissional pode atualizar-se sobre a área? Que dicas você daria?
L.A. - O recém-formado deve tentar iniciar sua carreira em empregos que desenvolvam suas verdadeiras habilidades. Os alunos, durante o curso, já identificam sua “inclinação”. Alguns têm preferência por atuar na produção (estaleiros), outros em projeto (escritórios de consultoria, sociedades classificadoras etc.). Muitas empresas promovem o treinamento dos recém-contratados, enviando-os para estágios no exterior, onde acabam tendo contato com tecnologias avançadas para projeto e produção.
JC&E - Qual a remuneração inicial e final de um profissional desta área?
L.A. - Um valor médio de salário do Engenheiro Júnior gira em torno de R$ 4 mil (valor bruto). Os que trabalham fora da sede da empresa, em Macaé (RJ), por exemplo, recebem adicionais e devem atingir R$ 6 mil ou mais. Empresas do ramo offshore pagam salários superiores a R$ 10 mil, dependendo do cargo ocupado.
JC&E - Quais sites você indicaria para quem quer conhecer mais detalhes sobre a área ou ampliar seus conhecimentos?
• www.oceanica.ufrj.br - site oficial da Engenharia Naval UFRJ;
• www.poli.usp.br – site da Escola Politécnica USP;
• www.sobena.org.br – site da Sociedade Brasileira de Engenharia Naval;
• www.petrobras.com.br – site da Petrobras – Petróleo Brasileiro S.A..
Cristiane Navarro Vaz/SP