Estudos demonstram que jovens LGBT+ têm maior incidência de depressão do que entre a população não LGBT. Entenda os riscos à saúde mental dessa população
Glícia Lopes* | redacao@jcconcursos.com.br Publicado em 28/06/2022, às 17h45
A população LGBT+ teve acesso a algumas conquistas nos últimos anos, como direito ao casamento civil homoafetivo, a adoção legal de crianças por casais homoafetivos e o marco na adoção do nome social para pessoas transexuais e travestis em diversos espaços. Mas, como nem tudo são flores, a vivência de uma pessoa LGBT+ no Brasil ainda é permeada por uma série de violências estruturais. Tal cultura de agressão, acaba distanciando o grupo dos direitos, inclusive, no acesso à saúde pública, gratuita e de qualidade.
Em 2013, o Ministério da Saúde publicou a cartilha da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. A medida tem o objetivo de promover a saúde integral dessa população, visando eliminar a discriminação e o preconceito pelas próprias instituições de saúde públicas, contribuindo, assim, para a diminuição das desigualdades. Na prática, a teoria é outra.
Para se ter uma noção, há apenas 32 anos a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de classificar a homossexualidade como uma doença. Por isso, até hoje existem pessoas que acreditam que possa existir uma cura para tal condição. O Conselho Federal de Psicologia, por meio da resolução CFP nº 1, de 22 de março de 1999, estabeleceu normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual, salientando que não é desvio ou patologia.
Há ainda o desafio em compreender as diversidades dentro da própria sigla LGBT, com a integração de pessoas de orientações sexuais e identidades de gênero diversas, que têm demandas próprias em saúde e que são afetadas pela desigualdade em diferentes formas.
+++ Klara Castanho e menina coagida por juíza de SC; como ambas sofreram violência psicológica
Discriminação, xingamentos, agressão física, exclusão social, disforia de gênero (desconforto profundo com o gênero atribuído no nascimento) e ameaça de risco à própria vida parecem, de longe, problemas perturbadores para o emocional de qualquer indivíduo. Pois, grande parte da população LGBT+ sofre com alguma ou mais dessas violências.
Estudos demonstram que jovens LGBT+ têm maiores taxas de depressão do que a população que não se enquadra nesse grupo. Além disso, existe maior risco de tentativas de suicídio para o grupo LGBT+, do que para a comunidade em geral.
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos identificou que a taxa de homens LGBT com ideação suicida era de 36% e das mulheres desse mesmo grupo era de 42%. Em comparação com heterossexuais, a taxa é bem menor, correspondendo a 8% dos homens e 13% das mulheres. Além disso, há a estimativa de que 20% da população LGBT+ já tentou interromper a própria vida.
O Sistema Único de Saúde prevê o atendimento indiscriminado para pessoas LGBT+. Por meio das unidades básicas de saúde é possível ter acesso a serviços gratuitos, inclusive, na cobertura assistencial de saúde mental.
*Estagiária sob supervisão da jornalista Mylena Lira
+++ Acompanhe as principais informações sobre Saúde no JC Concursos