6. O debate sobre a preservação do planeta e sua exploraçãotem se tornado cada vez mais acirrado e confuso. Cientistasque pregam a seriedade do aquecimento global são acusadosde alarmismo. Por outro lado, os que afirmam que não háprovas conclusivas para de fato defender a tese de que a Terraestá aquecendo devido à emissão de gases poluentes sãoacusados de serem vendidos às indústrias ou ao menostendenciosos em suas conclusões. Manchetes dizem que a década de 1990 foi a mais quentedo século (foi), que o ciclo do El Niño, que marca o aquecimentodas águas do Pacífico perto do Peru, está desregulado(está), que as calotas polares estão descongelando a taxasmuito altas (estão), que os níveis de poluição em países de rápidaindustrialização, como a China e a Índia, estão se tornandointoleráveis (estão), que o desmatamento acelerado das grandesflorestas, incluindo as nossas, provocará instabilidades climáticaspor todo o planeta (provocará), enfim, notícias que causammedo, talvez até pânico. Fica difícil saber em que acreditar,especialmente porque construir uma nova conscientização globalde preservação do planeta pode exigir mudanças custosasem informar e educar a população, em monitorar indústrias eplantações, em controlar os esgotos, o lixo, as emissões doscarros, caminhões, navios, aviões. O que fazer? Existem três possibilidades. Uma é deixarpara lá essa história de tomar conta do planeta e nospreocuparmos só quando o problema for realmente óbvio eirremediável. Péssima escolha. Outra é tentar filtrar do mundode informações que recebemos as que de fato são confiáveis enão tendenciosas. Essa possibilidade é meio difícil pois, amenos que sejamos especialistas no assunto, não saberemos,de início, em quem acreditar. A terceira, que me parece a maissábia, é usar o bom senso. Talvez uma analogia entre a Terra e a nossa casa sejaútil. Começamos com a casa limpa, abastecida, e com onúmero ideal de pessoas para que todos possam viver comconforto. O número de pessoas cresce, o espaço aperta, ademanda por água e alimentos aumenta. Um número maior depessoas implica aumento de consumo de energia e maiorprodução de lixo. A solução é impor algumas regras, reduzir olixo e o consumo de energia. Caso contrário, a casa originalrapidamente não daria conta da demanda crescente dos seushabitantes. A Terra é bem maior do que uma casa, mas também éfinita. A atmosfera, os oceanos e o solo reciclam eficientementea poluição e o lixo que criamos. Mas todo sistema finito tem umlimite. Não há dúvida de que, se não mudarmos o modo comousamos e abusamos do planeta, chegaremos a esse limite.Infelizmente, a ciência ainda não pode prever exatamentequando isso vai ocorrer. Mas ela, juntamente com o bom senso,afirma que é mera questão de tempo.
(Adaptado de Marcelo Gleiser. Folha de S. Paulo, Mais!, 30 deabril de 2006, p. 9)
6. ... enfim, notícias que causam medo, talvez até pânico. (2º parágrafo)
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o do grifado acima está na frase: