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A arte em defesa da proteção ambiental
O artista suíço George Steinmann deixou seu país em 1992e aportou no Centro de Artes de Tallinn, capital da Estônia, paraapresentar quadros que produziu com minerais extraídos da água.Acabou propondo a revitalização do espaço, àquela época bastantedeteriorado. Queria transformá-lo em um símbolo de cultura de sustentabilidade.Terminou a reforma três anos depois, usando materiaisnão nocivos ao ambiente. “Vemos uma nova imagem do mundo, naqual a arte procura o seu lugar”, disse, na reinauguração do local.
Ações como a de Steinmann, que aproximam arte e sustentabilidade,multiplicam-se à medida que aumenta o debate sobre as mudançasclimáticas. Com filmes, fotografias, desenhos e outras formas deexpressão artística, as discussões acerca da sustentabilidade têm cadavez mais aparecido com destaque nas agendas culturais.
“O conceito de desenvolvimento sustentável se tornou popularapós a Eco-92, no Rio. Mas o debate cultural nessa área foi negligenciado”,diz Sacha Kogan, coordenadora do Cultura 21, grupo de entidadesque defendem um processo de mudança cultural no mundo com baseem ideias sustentáveis. De acordo com o pesquisador cultural HansDieleman, as primeiras “obras ambientais” surgiram nos anos 1960,mas hoje é mais fácil artistas tratarem desse tema. “O método artísticopode ajudar a despertar emoções que a ciência não consegue”, diz ele.
Um exemplo é o PopSustainability, de Nova York, que buscatransmitir aos jovens o conceito de sustentabilidade com base naarte. Outras instituições ligadas ao Cultura 21, como a Arte para aTransformação Social, reúnem agentes que atuam no âmbito local.Um dos exemplos mais conhecidos no Brasil é o Grupo CulturalAfroReggae, que desde 1993 utiliza a música para trabalhar comjovens moradores de favelas.
Por meio do humor, a ONG Doutores da Alegria leva o conceitosustentável para hospitais há 18 anos. “Nosso pressuposto éque a arte gera transformações, melhorando as relações humanas”,diz Luís Vieira da Rocha, diretor executivo do grupo.
Há seis anos a ONG mantém um programa de formação depalhaços com jovens de famílias de baixa renda. E criou, em 2007,uma rede virtual para agregar grupos semelhantes. “É uma maneirade expandir o resultado social de nossa atividade”, diz Rocha.
(Lucas Frasão, O Estado de S.Paulo. 25 set. 2009. Adaptado)
02. Segundo o autor do texto, pode-se concluir que