O Congresso criou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar as ilegalidades dos atos antidemocráticos ocorridos em janeiro em Brasília. Saiba como funciona a CPMI
Mylena Lira Publicado em 07/05/2023, às 20h53
O Congresso Nacional criou, em 26 de abril, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar as ilegalidades dos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023 em Brasília e que resultou na depredação dos prédios dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Mas você sabe como funciona uma CPMI?
Antes de explicar para que serve e o passo a passo da CPMI, vale frisar que o líder da oposição, o senador Rogério Marinho (PL-RN), decidiu recorrer à Comissão de Constituição e Justiça da decisão do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, sobre o número de parlamentares do partido que têm direito a compor a CPMI criada.
Ao invés de duas, o PL quer três vagas, com base em norma de 2006 que rege a Comissão Mista de Orçamento (CMO). Contudo, Pacheco alegou que a proporcionalidade por partido na composição da comissão é pelo tamanho dos blocos partidários formados até a leitura do requerimento de criação da CPMI.
O próximo passo na CPMI dos Atos Antidemocráticos é os líderes dos blocos partidários indicar os deputados e senadores que vão integrar a comissão para que ocorra a sua devida instalação. O governo deverá ter a maioria, entre 20 e 24 dos 32 parlamentares. Por isso, deverá ficar com a presidência e relatoria. A CPMI foi criado com 32 titulares e igual número de suplentes.
O líder do governo no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), avalia que a instalação da CPMI deverá ocorrer na segunda quinzena deste mês após as lideranças partidárias indicarem os integrantes.
As Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPMIs) são instrumentos de investigação que reúnem membros do Congresso Nacional, tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado Federal. Essas comissões têm a finalidade de apurar fatos relevantes para o interesse público, abrindo espaço para uma análise conjunta e aprofundada sobre determinadas questões.
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A criação de uma CPMI requer a apresentação de um requerimento assinado por um número mínimo de parlamentares, conforme estabelecido pelo regimento interno do Congresso Nacional. O requerimento deve conter informações sobre o objeto da investigação e os fatos a serem apurados. Após a aprovação do requerimento, a CPMI é instaurada e inicia seus trabalhos.
Os objetivos de uma CPMI são semelhantes aos de uma CPI, ou seja, investigar fatos que possam afetar a ordem constitucional, a segurança do Estado, o patrimônio público e social, ou que despertem relevante interesse da sociedade. As CPMIs podem ser criadas para investigar casos de corrupção, irregularidades em órgãos públicos, violações de direitos, entre outros assuntos de interesse público.
Uma vez criada, a CPMI elege um presidente e um relator, assim como nas CPIs. O presidente é responsável por conduzir as reuniões, estabelecer a pauta, determinar prazos e garantir o cumprimento das normas. O relator, por sua vez, é responsável por elaborar um relatório final com as conclusões e recomendações da investigação.
A iniciativa é uma forma usada pelo parlamento para exercer sua atividade fiscalizadora. Durante os trabalhos, a CPMI pode:
realizar audiências públicas;
ouvir suspeitos;
solicitar documentos e provas;
fazer visitas técnicas e diligências;
inquirir testemunhas;
prender (somente em caso de flagrante delito);
requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional informações e documentos; e
tomar o depoimento de autoridades.
A CPMI pode contar com a participação de autoridades, especialistas e representantes de entidades relacionadas ao assunto investigado, buscando coletar informações relevantes e esclarecer os fatos em questão.
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A comissão realiza uma análise minuciosa das informações coletadas, investigando os fatos e buscando esclarecer as circunstâncias e responsabilidades envolvidas. Ao final da investigação, a CPMI elabora um relatório final que contém as conclusões, recomendações e eventuais indícios de irregularidades encontrados durante o processo.
Esse relatório é submetido à aprovação da comissão e pode ser encaminhado ao Ministério Público, à Polícia Federal ou a outros órgãos competentes para que sejam tomadas as medidas cabíveis com base nas conclusões e recomendações da CPMI, tais como a abertura de inquéritos policiais e processos judiciais.
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