Segundo dados do IPA, medido pela FGV, nos últimos 12 meses até maio houve uma queda de 7,6% nas compras no atacado, menor redução desde 1995
Jean Albuquerque Publicado em 25/06/2023, às 12h38
As compras no atacado tiveram a maior queda dos últimos 28 anos no país. Isso ocorreu porque após atingir um pico de mais de 40% e estabelecer recordes em 2021, a inflação do setor atacadista apresentou queda.
Ela monitora os preços das matérias-primas e produtos vendidos pela indústria e setor agrícola, está apresentando uma queda superior a 7% e alcançando os níveis mais baixos desde pelo menos o início do Plano Real, em 1994.
Para muitos economistas, essa redução indica que os preços repassados aos consumidores em breve começarão a refletir, pelo menos em parte, essas quedas. Essa perspectiva traz alívio para a inflação geral do país e amplia a possibilidade de o Banco Central (BC) iniciar um processo de flexibilização de sua política de juros elevados.
A CNN Brasil conversou com o economista Fábio Silveira, especializado no setor agropecuário, que afirma que a deflação acumulada em 12 meses no atacado é significativa "e, olhando para isso, não sei se alguém ainda pode ter alguma dúvida de que é necessário reduzir os juros”.
Silveira ainda explica que os preços no atacado funcionam como uma "força gravitacional" sobre os preços que chegam ao consumidor. "Eles precedem o comportamento dos preços no varejo e, se estão caindo, significa que, em algum momento, os preços no varejo vão, em alguma medida, acabar caindo também.”
Em uma página oficial nas redes sociais, o governo comemorou o resultado: "Economistas afirmam que o reflexo da queda já pode ser visto no varejo, com a estabilidade na inflação dos alimentos". Veja abaixo:
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No Brasil, a inflação no atacado é medida pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Nos últimos 12 meses até maio, o IPA registrou uma queda de 7,6%, uma redução sem precedentes desde pelo menos 1995, quando o Plano Real foi implementado, acabando com a hiperinflação no país.
Anteriormente, a maior deflação registrada nos preços aos produtores havia sido de 4,4%, em dezembro de 2009 e, posteriormente, em agosto de 2017.
Vários fatores contribuem para essa queda, incluindo safras recordes de grãos, como soja, um dólar mais baixo e a diminuição dos preços das commodities nos mercados internacionais devido à política global de juros elevados, que reduz a demanda por esses insumos.
Apenas em maio, o preço do minério de ferro, utilizado na construção civil, indústria automotiva e eletrodomésticos, caiu 13,2% de acordo com o IPA da FGV. Os preços da soja e do milho também tiveram quedas significativas no mesmo mês, com reduções de 9,4% e 15,7%, respectivamente.
Essas commodities são utilizadas como base para ração animal, e suas reduções também contribuem para a queda nos preços das carnes. Os efeitos dessa redução de preços já começam a se refletir no varejo: em maio, a inflação dos alimentos nos supermercados, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de zero.
Enquanto o IPA acompanha o preço dos produtos comercializados na indústria, o IPCA acompanha os serviços e o varejo que chegam diretamente ao consumidor final.
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