Entidades relatam que a alta da inflação ocorre por motivos externos como a subida do dólar e encarecimento de matérias-primas e insumos e não devido a demanda de bens e serviços
Redação Publicado em 05/08/2021, às 14h40
Na última quarta-feira (04), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) aumentou a taxa Selic de 4,25% para 5,25%. O crescimento da taxa básica de juros repercutiu negativamente entre as confederações do setor produtivo. Na avaliação dos representantes da indústria, a elevação da taxa atrasa a recuperação econômica e pode se refletir na manutenção do desemprego alto nos próximos meses.
Em nota, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) classificou de “equivocada” a decisão do Copom. Para a entidade, as altas recentes da inflação não decorrem da demanda, mas de fatores externos que afetam a oferta, como a subida do dólar e o encarecimento de matérias-primas e insumos.
“O controle da inflação de oferta via juros é menos eficaz e requer um forte desestímulo à atividade econômica em um momento em que a recuperação da economia ainda se mostra frágil. A taxa de desemprego ainda está próxima do pico histórico e a produção da indústria de transformação perdeu força ao longo deste ano, apresentando queda em cinco meses no primeiro semestre”, destacou, no comunicado, o presidente da CNI, Robson Andrade.
Para a CNI, as pressões de custos cairão à medida que o dólar caia e o mercado de insumos e matérias-primas se reequilibre nos próximos meses.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) também criticou o aumento dos juros básicos da economia. Para ela, a decisão pode pôr em risco a “frágil” recuperação da economia brasileira, mantendo o desemprego alto e comprometendo o crescimento em 2022.
“Embora vários segmentos econômicos estejam com desempenho positivo, o mercado de trabalho continua com 14,8 milhões de desempregados e 4,6 milhões de pessoas que, apesar de estarem na força de trabalho antes da pandemia, não estão buscando emprego no momento devido às restrições”, ressaltou a Fiesp, em nota.
“Além disso, o PIB [Produto Interno Bruto] no segundo trimestre deve ter ficado próximo da estabilidade e as expectativas de crescimento para 2022 são de apenas 2,1%, segundo o último boletim Focus [pesquisa divulgada toda semana pelo Banco Central]”, finalizou a entidade.
A Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) também criticou a decisão do Copom de elevar a Selic. Em nota, a federação entende que o aumento da taxa de juros para 5,25% é exagerado e "pode prejudicar o processo de retomada do crescimento econômico do país”.
"Os choques temporários nos preços observados em 2021 devem se dissipar, não impactando a inflação em 2022, que exibe expectativa de inflação bem-comportada e dentro do intervalo da meta. Sendo assim, a federação acredita que dosar a alta da taxa básica de juros seria compatível com o momento e já garantiria a ancoragem das expectativas para a inflação de 2022”.
A Firjan destaca a necessidade de solucionar os gargalos estruturais que impedem o país "de alçar voos mais altos e consistentes". “Isso não acontecerá sem mudanças profundas na estrutura do Estado, e por isso, é mandatório o avanço da reforma administrativa para que possa haver redução dos gastos públicos e assim da carga tributária. Apenas com a redução dos gastos públicos e a consequente redução da carga tributária, a indústria nacional terá competitividade suficiente para gerar emprego e renda, tornando o Brasil um país mais forte e justo”, diz a nota.
*trechos com reprodução da Agência Brasil