Manutenção da taxa básica de juros da economia contribuiu para bons resultados. Fatores como o El Niño e a política fiscal podem representar desafios para 2024
Pedro Miranda Publicado em 28/12/2023, às 21h35
Especialistas afirmam que o comportamento dos preços dos alimentos e a política monetária desempenharam papéis cruciais na manutenção da inflação controlada em 2023, conforme revelado pelos índices divulgados nesta quinta-feira (28).
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, encerrou o ano em 4,72%, marcando o menor resultado dos últimos três anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getulio Vargas, surpreendeu ao apresentar deflação no ano, registrando uma queda de 3,18%. Esse resultado representa uma reversão significativa em relação aos anos anteriores, quando o índice fechou em patamares mais elevados, como os expressivos 23,14% de 2020 e 17,78% de 2021.
O economista Gilberto Braga, do Ibmec, destaca que a manutenção da taxa básica de juros da economia, a Selic, em níveis elevados ao longo do ano, contribuiu para esses resultados, desestimulando a economia e combatendo a inflação.
Apesar dos acertos na política macroeconômica, Braga ressalta que alguns grupos de preços, principalmente aluguéis, ainda exercem pressão sobre os índices. No entanto, ele destaca a queda nos preços dos alimentos como um contrapeso positivo.
O pesquisador André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, aponta que a redução nos preços das commodities agrícolas e minerais, como soja, milho e trigo, também contribuiu para moldar a inflação em 2023.
Braz explica que o comportamento do IGP-M representa uma "devolução" do choque inflacionário causado pela pandemia entre 2020 e 2022, devido às safras favoráveis. Apesar do resultado negativo em 2023 (-3,18%), ele destaca uma tendência de aceleração, indicando que o índice está se aproximando de zero.
Em relação ao IPCA, Braz menciona que, embora dezembro tenha registrado um aumento de 0,40%, influenciado por reajustes em serviços controlados, ao longo do ano, o comportamento positivo dos preços dos alimentos contribuiu para a inflação oficial ficar abaixo das expectativas iniciais.
Para 2024, os especialistas expressam otimismo, destacando a expectativa de que o comportamento dos preços se mantenha, com a inflação tendendo a cair. No entanto, alertam para riscos externos, como os conflitos na Rússia, Ucrânia e Oriente Médio, que podem impactar os preços do petróleo e do comércio internacional.
Além disso, fatores como o fenômeno El Niño e a política fiscal do governo podem representar desafios para o próximo ano.
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