Fake News: pesquisa revela que 80% são a favor de lei contra notícias falsas

Pesquisa realizada pelo DataSenado revelou que 80% dos entrevistados acreditam que a criação de uma lei específica de combate às fake news contribuiria para reduzir a disseminação de notícias falsas nas redes sociais

Mylena Lira   Publicado em 04/06/2023, às 22h31

Divulgação

Na última semana, o Senado Federal divulgou os resultados de uma pesquisa realizada pelo DataSenado em parceria com o gabinete do Senador Angelo Coronel (PSD-BA) sobre o tema das notícias falsas veiculadas nas redes sociais. O levantamento, intitulado "Redes Sociais e Notícias Falsas", revelou que mais de 70% dos brasileiros estão muito preocupados com a quantidade de fake news disseminadas nas plataformas digitais.

A pesquisa ouviu 2.068 pessoas com 16 anos ou mais em uma amostra representativa da população brasileira por telefone, nos dias 9 e 10 de maio. É importante ressaltar que nesse período, a discussão sobre a urgência do projeto de lei que trata das fake news (PL 2630/2020) estava em pauta na Câmara dos Deputados, mas a urgência foi rejeitada alguns dias depois.

De acordo com os resultados:

Além disso, a pesquisa revelou que 91% dos entrevistados acreditam que as redes sociais exercem grande influência sobre a opinião das pessoas e que as fake news representam um risco para a sociedade, um percentual também de 82% acredita que as notícias falsas têm maior visibilidade do que as verdadeiras nas redes sociais.

Um dado relevante é que 80% dos entrevistados acreditam que a criação de uma lei específica de combate às fake news contribuiria para reduzir a disseminação de notícias falsas nas redes sociais. O senador Angelo Coronel, relator do PL das fake news no Senado, destacou a importância dos resultados da pesquisa como um apoio amplo à aprovação do projeto, que é visto como uma ferramenta de proteção da sociedade.

O senador ressaltou: "Se a gente não banir das redes sociais informações falsas e também postagens feitas por anônimos, não teremos condições nem ferramentas para combater as fake news. Por isso é importante a aprovação desse projeto: para vedar contas anônimas e para que tenhamos regulação para tirar do ar, de imediato, postagem que venha a prejudicar a imagem de alguém".

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Desafio da imprensa

Além da pesquisa, o combate às fake news foi tema de destaque em uma sessão especial realizada no Senado na última sexta-feira (2) em comemoração ao Dia da Imprensa. Senadores, jornalistas e representantes de veículos de comunicação público e privado ressaltaram a importância de unir esforços no enfrentamento da desinformação, reconhecendo-a como um dos principais desafios da imprensa e da democracia.

A senadora Leila Barros (PDT-DF), autora do pedido para a realização da sessão, defendeu a aprovação do PL 2.630/2020, que busca regular o funcionamento das plataformas digitais. Ela destacou que, apesar do acesso ampliado à informação proporcionado pelas novas tecnologias, a disseminação de notícias falsas tem se tornado mais comum e ressaltou a necessidade de regulamentação das redes sociais.

Por sua vez, representantes dos veículos de comunicação ressaltaram o compromisso da imprensa profissional em apurar os fatos, ouvir diferentes perspectivas e corrigir erros de informação. Rodrigo Orengo, Diretor de Jornalismo da Band DF, enfatizou a importância da checagem de informações: "A informação é checada e rechecada. Quando há um erro, esse erro necessariamente é corrigido. A imprensa profissional tem o compromisso de fazer a correção".

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A sessão também contou com a participação do diretor-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Jean Lima, que ressaltou que as fake news não apenas distorcem informações, mas também são frequentemente utilizadas como instrumento político. O jornalista Guilherme Portanova, da Rede Record, levantou a questão do modelo de negócios das empresas de comunicação em tempos de monetização e impulsionamento nas redes sociais.

Durante a sessão, também foram abordados temas como a liberdade de imprensa e a importância da transparência no exercício do poder público. Os participantes destacaram o papel fundamental da comunicação pública e a necessidade de um jornalismo comprometido em informar a sociedade de maneira verdadeira.

No encerramento da sessão, o presidente do Correio Braziliense, Guilherme Machado, ressaltou que a internet abriu uma "caixa de pandora", permitindo que todos se tornassem jornalistas, mas sem o compromisso com a verdade. Ele afirmou: "É comum diante de uma notícia jornalística bombástica divulgada pela internet perguntarem: 'Deu no jornal? Se não deu, é fake'".

Em um momento de ataques à liberdade de expressão, a agressão sofrida pela jornalista Delis Ortiz, da TV Globo, também foi destacada como exemplo de ataque à imprensa durante a sessão especial. A senadora Leila Barros repudiou o episódio na abertura dos trabalhos.

*com informações da Agência Senado

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