Dados da Peic elaborada pela CNC divulgados nesta terça-feira (5) aponta para melhora na margem de endividamento dos brasileiros; Saiba mais
Jean Albuquerque Publicado em 05/09/2023, às 17h02
A margem de endividamento no Brasil teve leve melhora em agosto quando comparado ao ano anterior. O índice recuou de 78,1% para 77,4%, sendo o menor desde junho de 2022. A redução é de 1,6 ponto percentual nos últimos 12 meses.
A queda registrada em agosto ocorreu pelo segundo mês consecutivo, mas é preocupante o número ainda grande de pessoas com dívidas atrasadas e as que afirmam não conseguir pagar as contas.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (5) pela Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Entre as modalidades de dívidas avaliadas, estão o cartão de crédito, o cheque especial, carnês de lojas, crédito consignado, empréstimos pessoais, cheques pré-datados e parcelas de carro e casa. Uma pessoa endividada é aquela que possui compromissos financeiros a cumprir, independentemente de esses compromissos estarem atrasados ou não.
Tanto no mês atual quanto no período acumulado de 12 meses, observou-se uma redução no índice de endividamento em todas as faixas populacionais analisadas pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
De acordo com a economista encarregada da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), Izis Ferreira, essa diminuição pode ser atribuída a dois fatores principais. Primeiramente, um cenário de inflação mais controlada em comparação com o ano anterior tem proporcionado às pessoas uma maior margem no orçamento.
Além disso, o mercado de trabalho tem se mostrado resiliente, absorvendo indivíduos com níveis educacionais mais baixos. Esses fatores combinados têm resultado em menos pessoas recorrendo ao crédito como meio para adquirir bens e serviços, refletindo na redução do endividamento.
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Embora a proporção de pessoas endividadas tenha diminuído, a parcela daqueles que estão inadimplentes, ou seja, com contas atrasadas, aumentou. Em agosto, esse índice atingiu 30%, igualando o resultado observado em dezembro de 2022.
A economista destaca que muitos consumidores enfrentam o desafio de lidar com várias modalidades de dívida, como múltiplos cartões de crédito, empréstimos pessoais, consignados e financiamentos. Isso torna difícil para eles cumprir todos os pagamentos dentro dos prazos de vencimento.
Outro aspecto preocupante revelado pela pesquisa é o número de consumidores que afirmam não conseguir pagar suas dívidas em atraso, o que significa que permanecerão inadimplentes. Esse índice chegou a 12,7%, a marca mais alta desde o início da série histórica em janeiro de 2010. Essa situação afeta principalmente aqueles com renda de até três salários mínimos.
A economista enfatiza que, apesar de uma leve redução na inflação proporcionar algum alívio para o orçamento doméstico, ainda é um desafio para muitas famílias negociar ou quitar dívidas em atraso, especialmente aquelas que sofrem com taxas de juros elevadas que aumentam o custo das dívidas, tornando o valor a ser pago significativamente alto e difícil de ser quitado.
Os dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelam que o cartão de crédito continua sendo um dos principais desafios para o orçamento das famílias brasileiras, liderando disparadamente as modalidades de dívidas, com uma proporção de 85,5%.
Em seguida, as modalidades mais frequentes de endividamento incluem carnês (17,1%), crédito pessoal (9,2%), financiamento de veículos (7,9%) e financiamento imobiliário (7,5%).
Além disso, a pesquisa Peic destaca que o tempo médio em que as famílias ficam comprometidas com dívidas é de 6,9 meses, enquanto o período médio de atraso no pagamento é de 63 dias. Isso resulta em uma parcela considerável da renda, cerca de 29,9%, comprometida com dívidas.
A CNC estima que a proporção de famílias endividadas continue diminuindo nos próximos meses, chegando a aproximadamente 77% entre setembro e outubro. No entanto, a organização prevê que o endividamento deve voltar a crescer no final do ano, encerrando 2023 em torno de 78% do total de famílias endividadas.
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