Ele deve revelar que Bolsonaro era o mandante e sabia que os procedimentos adotados eram criminosos. A decisão de confessar foi confirmada pelo advogado de defesa de Cid à revista VEJA
Pedro Miranda Publicado em 17/08/2023, às 20h48
Após três meses de detenção no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, está prestes a tomar um passo surpreendente ao romper o silêncio e confessar sua participação nos prováveis crimes que movimentaram o país.
Cid, que está envolvido em uma complexa trama que envolve a falsificação de cartões de vacinação, um plano para anular o resultado das eleições de 2022 e a venda ilegal de joias, relógios e presentes recebidos por Bolsonaro durante seu mandato, agora promete revelar uma nova perspectiva sobre o caso.
O que torna essa confissão ainda mais impactante é a alegação de Cid de que todas as suas ações foram realizadas sob ordens diretas do então chefe de Estado, Jair Bolsonaro. Essa revelação promete sacudir intensamente o cenário político e jurídico, lançando uma nova luz sobre o escândalo que já vinha afetando a imagem do ex-presidente.
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Através da confissão de Cid, será detalhado como a venda das joias e presentes nos Estados Unidos ocorreu sob a orientação de Bolsonaro. O dinheiro proveniente da venda foi transferido para o Brasil e entregue em espécie ao ex-presidente, evitando rastreamento. Essa declaração coloca em xeque a versão da defesa de Bolsonaro, que sustentava ter devolvido voluntariamente algumas das joias em questão.
A confissão de Cid também desafia a afirmação de que Bolsonaro estava alheio às práticas ilegais e irregularidades, já que o tenente-coronel afirmará ter agido seguindo ordens diretas do ex-presidente. A revelação foi confirmada pelo advogado de defesa de Cid, Cezar Bitencourt, à revista VEJA.
Pelas informações que planeja revelar, ele deve esclarecer que o presidente tinha conhecimento, ao menos em parte, de que alguns dos procedimentos adotados eram irregulares ou até mesmo criminosos. Isso se aplica especialmente à questão financeira.
A negociação de dois relógios de luxo, um Rolex e um Patek Philippe, resultou em um montante de 68 mil dólares para a chamada "organização criminosa", que, conforme a Polícia Federal, usou as estruturas do Estado para obter ganhos ilícitos. Cid planeja afirmar perante a Justiça que ele conduziu a transação por ordens do chefe.
Segundo relato, Bolsonaro teria dito "resolve lá" ao dar a ordem, que incluía a transferência do dinheiro acumulado de volta para o Brasil. “A relação de subordinação na iniciativa privada é uma coisa. O funcionário pode cumprir ou não. No funcionalismo público, é diferente. Em se tratando de um militar, essa subordinação é muito maior”, explica o advogado a revista VEJA.
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