Aumento das mortes estaria diretamente ligada às políticas adotadas pelo atual governo estadual. Capital paulista e outras regiões do estado também enfrentam um aumento preocupante
Pedro Miranda Publicado em 22/02/2024, às 17h35
O ano de 2024 revela uma tendência preocupante no estado de São Paulo: o aumento contínuo das mortes causadas por policiais militares em serviço, seguindo a trajetória ascendente já observada ao longo do ano anterior.
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De acordo com um levantamento recente realizado pelo Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público de São Paulo (MPSP), até o dia 24 de janeiro deste ano, policiais militares em serviço já haviam tirado a vida de 32 pessoas em todo o estado. Esse número representa um aumento significativo em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando foram registradas 24 mortes.
O cenário se agrava com o lançamento da Operação Escudo, em 27 de janeiro, em resposta ao assassinato de um policial militar durante uma investigação de roubo na Baixada Santista. Desde então, o número de mortes teve um rápido crescimento, totalizando 45 vítimas em janeiro e atingindo a marca de 102 em todo o estado até o dia 21 de fevereiro.
A letalidade policial não se restringe à Baixada Santista. A capital paulista e outras regiões do estado também enfrentam um aumento preocupante. Enquanto em janeiro e fevereiro de 2022 foram registradas 9 mortes pela ação policial na capital, em 2024 já foram contabilizadas 18 mortes até o dia 21 de fevereiro, alcançando 22 quando se incluem os municípios da região metropolitana.
Esse aumento é ainda mais significativo se comparado com as 19 mortes registradas nos dois primeiros meses de 2023. O interior do estado também não está imune a essa escalada de violência. Na Região Metropolitana de Campinas, policiais militares em serviço já ceifaram a vida de seis pessoas, enquanto no litoral norte foram registradas cinco mortes.
Para Rafael Rocha, coordenador do Instituto Sou da Paz, o aumento da letalidade está diretamente relacionado às políticas e posicionamentos adotados pelo atual governo estadual. Rocha destaca as declarações do governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, contra o uso de câmeras corporais pelos policiais como uma das causas desse aumento.
"Isso fica muito claro quando o atual governo escolhe não colocar nenhuma câmera a mais. A gente tem as mesmas 10 mil e 125 câmeras, que sobraram da outra gestão. Nenhuma mísera câmera foi implementada desde 31 de dezembro de 2022 e a gente tem visto, pelo contrário, cortes sucessivos na alocação orçamentária para o programa Olho Vivo", destaca Rocha.
Em 2023, o governo de São Paulo cortou R$ 37,3 milhões do programa de câmeras corporais usadas nas fardas da Polícia Militar (PM), reduzindo significativamente os investimentos em um sistema que monitora em tempo real o trabalho dos policiais. A previsão inicial era que fossem investidos R$ 152 milhões nesse programa, evidenciando uma mudança preocupante nas políticas de segurança pública do estado.
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