PCC e Comando Vermelho não quiseram comprar peças do arsenal de guerra furtadas em São Paulo

Nem mesmo o crime organizado teve interesse nas metralhadoras do exército. O furto das armas levou à quarentena de aproximadamente 480 militares para fins de investigação interna

Pedro Miranda   Publicado em 23/10/2023, às 18h06 - Atualizado às 19h19

Reprodução de Vídeo

Um ousado furto do arsenal de guerra militar em São Paulo revelou um plano para aumentar o poder bélico das maiores facções criminosas do Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). No entanto, o que inicialmente parecia um golpe lucrativo teve um desfecho inesperado: a tentativa de venda das metralhadoras .50 e armas de calibre 7,62 foi frustrada pelo péssimo estado de conservação das armas e pela ausência de uma peça fundamental.

A negociação das armas roubadas foi conduzida em um grupo de WhatsApp frequentado por líderes do CV. Um fornecedor compartilhou um vídeo mostrando as quatro metralhadoras .50 desviadas do arsenal. No total, 21 armas foram roubadas de um quartel em Barueri, incluindo 13 metralhadoras .50 e oito armas de calibre 7,62. O crime foi descoberto recentemente durante uma inspeção, e até agora, 17 armas foram recuperadas.

A venda das armas foi oferecida tanto ao Comando Vermelho quanto a um membro do PCC conhecido por liderar roubos a bancos e carros-fortes. No entanto, a tentativa de venda falhou em ambos os casos.

Armas estavam em péssimo estado de conservação e peça essencial estava ausente

Os possíveis compradores argumentaram que as armas estavam em péssimo estado de conservação, e um componente essencial estava ausente: uma fita metálica usada para carregar a munição nas armas, uma peça controlada pelo Exército e difícil de ser obtida no mercado.

Os fornecedores pediram preços consideráveis, incluindo R$ 350 mil por cada metralhadora .50 e R$ 180 mil por cada fuzil, valores que seriam justos no mercado clandestino de armas pesadas. No entanto, esses valores não foram suficientes para persuadir os compradores, que descartaram a compra das armas devido ao estado inadequado e à peça faltante.

O furto das armas levou à quarentena de aproximadamente 480 militares para fins de investigação interna. Isso permitiu às autoridades ouvir depoimentos e identificar possíveis envolvidos no crime. A maioria dos militares foi liberada, mas cerca de 160 permanecem no quartel enquanto as investigações continuam.

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