A suspeita surgiu a partir de um relatório de investigação que fundamentou a operação. Defesa de Carlos Bolsonaro não se pronunciou sobre o caso
Pedro Miranda Publicado em 29/01/2024, às 18h31 - Atualizado às 18h40
A Polícia Federal (PF) está conduzindo uma investigação para apurar se o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) utilizava assessores para obter informações de maneira ilegal por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A suspeita surgiu a partir de um relatório de investigação que fundamentou a operação realizada nesta segunda-feira (29) contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo as informações obtidas pelos investigadores, Luciana Almeida, apontada como assessora de Carlos Bolsonaro, entrou em contato com Priscila Pereira e Silva, identificada como assessora do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, buscando "ajuda" da "Abin paralela".
De acordo com uma mensagem de WhatsApp que faz parte do inquérito, a solicitação envolvia a obtenção de dados relacionados às investigações contra Jair Bolsonaro e seus filhos.
“Bom diaaaa. Tudo bem? Estou precisando muito de uma ajuda. Delegada PF. Dra. Isabela Muniz Ferreira – Delegacia da PF Inquéritos Especiais Inquéritos: 73.630 / 73.637 (Envolvendo PR e 3 filhos). Escrivão: Henry Basílio Moura", diz a mensagem.
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Após a análise do material apreendido, a PF passou a suspeitar que os contatos entre Carlos Bolsonaro e Ramagem eram intermediados por meio de seus assessores.
A decisão que autorizou as buscas e apreensões contra Carlos Bolsonaro e outros envolvidos, proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), alega que as provas coletadas até o momento indicam a existência de uma "organização criminosa" realizando ações clandestinas na Abin.
"Os elementos de prova colhidos até o momento indicam, de maneira significativa, que a organização criminosa infiltrada na Abin também se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras, bem como para fiscalizar indevidamente o andamento de investigações em face de aliados políticos", afirmou Moraes.
Na quinta-feira (21), o ministro também autorizou buscas contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin durante o governo de Jair Bolsonaro. O processo alega que Ramagem, policiais e delegados da PF cedidos à Abin, assim como servidores do órgão, teriam participado de uma organização criminosa para monitorar ilegalmente autoridades públicas, caracterizando o caso como "Abin paralela".
Até o momento, a defesa de Carlos Bolsonaro não se pronunciou sobre o caso. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, irmão do vereador, classificou a operação como "ato ilegal" e "imoral" em suas redes sociais. A Agência Brasil está buscando contato com a defesa de Carlos Bolsonaro para obter posicionamento sobre as acusações.
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