Vídeos que circulam na internet, alguns gravados pelos próprios bolsonaristas, mostram que Policiais Militares do DF (Distrito Federal) facilitaram a invasão em Brasília. Veja imagens
Mylena Lira Publicado em 09/01/2023, às 13h09
Diversos vídeos que circulam na internet, alguns inclusive gravados pelos próprios bolsonaristas que protagonizaram a invasão, em Brasília, às sedes dos três Poderes ontem (8), mostram que Policiais Militares do DF (Distrito Federal) facilitaram a entrada na Esplanada dos Ministérios ao invés de impedir a passagem dos manifestantes.
Imagens da Globo News revelam policiais escoltando e conduzindo a multidão de extremistas de direita, entre eles estava o sobrindo de Bolsonaro, Léo Índio. Em outro momento, a emissora televisionou PMs sorrindo, posando e tirando fotos com os bolsonaristas que avançavam contra o Congresso no fundo.
O portal Metrópoles divulgou um vídeo no qual é possível ver claramente que policiais do Batalhão de Choque permitiram a entrada dos radiciais no Congresso Nacional. Nas imagens, um bolsonarista afirma: "isso aqui é por nós, pessoal". Um agente, então, faz gesto com a mão, autorizando a passagem.
O Mídia Ninja também postou vídeo feito por um bolsonarista que diz ser de Brasília e aborda PMs na Esplanada dos Ministérios para questionar se ontem era permitido "descer até o final da Esplanada". Os agentes afirmam que sim, bastanto passar pela revista primeiro.
Além disso, a reportagem da Agência Brasil flagrou, no momento em que a invasão ocorria, sete viaturas da PM paradas por cerca de 30 minutos no Eixinho Sul (altura da SQS 102) para fazer a troca do pneu furado de uma delas.
O resultado foi a invasão e a destruição dos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF). Além de janelas e portas, foram depredados móveis, estrutura arquitetônica, obras de artes, entre outros itens.
Os criminosos também roubaram documentos públicos sigilosos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), computadores e armamentos da sala de armas do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Houve, ainda, agressão a jornalistas e PMs que tentaram barrar o ataque terrorista.
O presidente Lula criticou a postura da PM do DF e disse que houve "incompetência, má vontade ou má-fé dos responsáveis por cuidar da segurança". Segundo ele, os policiais que participaram do ato não poderão ficar impunes nem poderão continuar na corporação porque não são de confiança da sociedade.
A Polícia Militar do Distrito Federal informou que a responsabilidade por eventuais falhas de planejamento nas ações de proteção à Praça dos Três Poderes é de exclusividade da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que tinha à frente o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres.
Ontem mesmo, Torres foi exonerado pelo governador Ibaneis Rocha. Ele está de férias nos EUA, para onde, supostamente, foi encontrar Bolsonaro. Na madrugada de hoje, o STF afastou Ibaneis por omissão, pois ele teria ignorado os apelos das autoridades para a realização de um plano de segurança.
Perguntada sobre como avalia a imagem de policiais facilitando a passagem de manifestantes, a assessoria da PM informou que tudo será apurado pela corregedoria e pela Diretoria de Correição e Controle.
Sobre o númeo de agentes insuficiente, segundo a PM, 100% de seu efetivo foi acionado, o que abrange “todos policiais que não estejam de atestado médico”, para retomar a área. Porém, a decisão de aumentar o efetivo foi tomada só depois que se iniciou a depredação dos três prédios.
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Após os ataques aos prédios dos Três Poderes e diante da falha da segurança que cabia à Polícia Militar, Lula decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. A intervenção será comandada pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, subordinado diretamente à Presidência da República.
A medida tira o comando da área de segurança pública do governo local - polícias e o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal -, que ficará até o dia 31 de janeiro sob o controle da União. O Congresso Nacional precisa votar a intervenção, mas os presidentes da Câmara e do Senado já sinalizaram que concordam com a decisão.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, informou que, além das investigações que estão em andamento, o Ministério da Justiça e Segurança Pública criou o e-mail denuncia@mj.gov.br para receber informações sobre os atentados terroristas realizados no último domingo. Segundo a Polícia Civil do DF, 300 foram presos ontem em Brasília.
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