Renda cresce em parte significativa devido à maior escolaridade e ao aumento das vagas formais. Protagonismo maior dos empregos formais pode sinalizar uma mudança estrutural
Pedro Miranda Publicado em 21/05/2024, às 20h41
A recente recuperação do mercado de trabalho brasileiro apresenta aspectos notáveis, com destaque para o aumento da formalização e a melhora no perfil educacional dos trabalhadores. Essa análise é parte de um estudo do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre), que aponta esses fatores como cruciais para a elevação real da renda no país.
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A recuperação pós-pandemia é marcada pela prevalência de empregos formais e pela evolução educacional da força de trabalho. A renda cresce em parte significativa devido à maior escolaridade dos trabalhadores e ao aumento das vagas formais, diferente da recuperação pós-crise de 2014-2016, que foi puxada pelo setor informal.
Dados recentes mostram um aumento significativo na renda habitual real do trabalho, que subiu de R$ 2.756 no final de 2021 para R$ 3.123 no primeiro trimestre de 2024, um crescimento de 13%. No mesmo período, a renda habitual real cresceu 4,7% em relação ao ano anterior.
Os pesquisadores da FGV Ibre também destacam que 37,4% da alta da renda no quarto trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022 deve-se à melhoria educacional dos trabalhadores. Ou seja, o aumento não é apenas resultado de salários maiores, mas também de uma maior proporção de trabalhadores com níveis educacionais mais altos.
Caso a composição educacional dos trabalhadores permanecesse a mesma de 2019, a renda média ao final de 2023 seria de R$ 2.889, bem abaixo dos R$ 3.032 registrados oficialmente. Sem os ganhos de escolaridade, a renda ainda estaria abaixo dos níveis pré-pandemia.
A análise do período pós-pandemia revela uma recuperação diferente da observada após a recessão de 2014-2016, quando a retomada foi liderada por empregos informais. Desta vez, empregos formais ganharam destaque, com um aumento de 9,4% no número de vagas formais contra um crescimento de 4,9% nos informais desde fevereiro de 2020.
Essa nova dinâmica do mercado de trabalho, com um protagonismo maior dos empregos formais, pode sinalizar uma mudança estrutural. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) reforçam essa percepção, mostrando um bom desempenho do mercado formal com a criação de 719 mil vagas no primeiro trimestre de 2024.
A reforma trabalhista de 2017 também é vista como um fator que estimulou a formalização do emprego. A redução dos custos com trabalhadores e maior segurança jurídica proporcionadas pela reforma incentivaram novas contratações formais.
Os pedidos de seguro-desemprego aumentaram de 5,9 milhões em julho de 2021 para 7,2 milhões em março de 2024, o que, segundo os pesquisadores, indica um mercado de trabalho aquecido. No Brasil, o aumento do seguro-desemprego tende a ser pró-cíclico, refletindo um mercado de trabalho robusto.
O impacto da melhoria educacional na produtividade é outro ponto positivo, ajudando a conter a pressão inflacionária. No entanto, a inflação de serviços intensivos em mão de obra permanece uma preocupação.
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