Em reunião com reitores nesta segunda-feira (10) presidente Lula criticou o prolongamento da greve dos professores e técnicos das Universidades e IFs
Jean Albuquerque Publicado em 10/06/2024, às 18h40
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta segunda-feira (10) a prolongada greve dos professores e técnicos das universidades e institutos federais, enfatizando que o valor de recursos negociado com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) para ajustar os salários dos docentes e servidores é “irrecusável”.
“O valor que a ministra Esther Dweck [do MGI] disponibilizou é irrecusável. Considerem isso, porque senão estaremos falando de universidades e institutos federais enquanto os alunos aguardam para voltar às aulas”, afirmou Lula em reunião pública com reitores no Palácio do Planalto.
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Durante o encontro, o presidente anunciou um investimento de R$ 5,5 bilhões do Ministério da Educação (MEC) para obras e manutenção do ensino técnico e superior, além da construção de dez novos campi universitários e oito novos hospitais universitários federais.
Lula destacou que as greves devem ter início e fim, instando os líderes sindicais a terem “coragem de terminar a greve”. “O que não pode acontecer é uma greve terminar por inanição, desmoralizando os participantes. Os líderes sindicais precisam ter coragem de propor, negociar e tomar decisões que não sejam 'tudo ou nada'”, explicou.
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O presidente, com histórico de liderança sindical, relembrou sua postura intransigente no passado, onde defendia ganhos absolutos, admitindo que essa postura frequentemente resultava em nada. Sobre a greve atual, ele afirmou que não há justificativa para sua duração prolongada.
“Não é por 3%, 2% ou 4% que ficamos em greve eternamente. Considerem os outros benefícios e o que já foi oferecido”, argumentou Lula.
A greve dos professores e servidores de cerca de 60 universidades e mais de 39 institutos federais de ensino básico, profissional e tecnológico teve início em 15 de abril, afetando mais de 560 unidades de ensino em 26 estados. Eles reivindicam, entre outras coisas, a recomposição salarial de 4,5% ainda este ano.
Márcia Abrahão, reitora da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), destacou que as remunerações dos docentes e técnicos estão “muito defasadas”, especialmente em comparação com outras carreiras que tiveram reajustes recentes. Ela espera que uma solução negociada seja alcançada rapidamente.
Elias Monteiro, reitor do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) e presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), pediu foco do governo na formação e valorização dos profissionais da educação para melhorar a educação básica e superior.
“Solicitamos ao governo federal que avance nas negociações para o fim da greve. Reconhecemos a legitimidade do movimento, mas já está afetando a evasão escolar e o calendário acadêmico. Precisamos retornar à normalidade o quanto antes”, afirmou Monteiro.
Em 3 de junho, representantes dos sindicatos dos docentes e servidores técnicos administrativos se reuniram com o governo. A reunião ocorreu uma semana após a assinatura de um acordo entre o governo e a Proifes, que foi contestado por outras entidades sindicais e posteriormente anulado por decisão judicial.
Os servidores técnicos administrativos têm uma nova rodada de negociações prevista para amanhã (11), enquanto os professores terão uma na próxima sexta-feira (14). O MGI destacou que as pautas em discussão não incluirão aumentos salariais.
Em 15 de maio, o governo apresentou uma proposta final, oferecendo aumentos de 13,3% a 31% até 2026, com início dos reajustes em 2025. As categorias com menores salários receberão os maiores aumentos.
Com o reajuste linear de 9% concedido ao funcionalismo federal em 2023, o aumento total ficará entre 23% e 43% ao longo de quatro anos. A proposta anterior incluía zero reajuste em 2024, 9% em 2025 e 3,5% em 2026, resultando e um aumento total de 21,5% em quatro anos.
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