O presidente do BC ainda respondeu às críticas do presidente Lula sobre a independência do Banco Central
Victor Meira Publicado em 19/01/2023, às 23h36
Em meados de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) articulou junto ao Congresso Nacional o corte de impostos em diversos produtos, principalmente nos combustíveis e energia elétrica. Na avaliação do presidente do Banco Central (BC ou Bacen), Roberto Campos Neto, sem a redução nos preços desses produtos, a inflação brasileira teria fechado na casa dos 9%.
A declaração foi concedida durante um seminário promovido por uma universidade americana nesta quinta-feira (19).
“A inflação [oficial pelo IPCA] estaria em 9%, e não em 5,8%, se não fosse essa redução de impostos”, disse Campos Neto.
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Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechou o ano de 2022 com uma taxa de 5,79%, ante o 10,06% do ano de 2021.
Ao citar sobre a inflação, o presidente do BC reconheceu que a taxa Selic de 13,75% ao ano está em um patamar alto, embora tenha afirmado que um corte no curto prazo pouco ajudaria o país a atrair novos investimentos.
“Entendemos que nossa taxa de juros está alta, mas não manejamos curva futura, só a meta da Selic. Não ajudaria em nada cortar o juro de curto prazo, porque os investimentos usam taxas de longo prazo”, explicou.
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O dirigente do Bacen aproveitou a oportunidade para responder às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a autonomia da instituição.
Campos Neto declarou que as informações, concedidas em entrevistas, podem ser retiradas de contexto. Além disso, ele citou que elas devem ser analisadas sob uma ótica mais ampla, da necessidade de a independência existir sob a lei.
“Se você olha a entrevista, de um lado, ele se orgulha por [Henrique] Meirelles [ex-presidente do BC] ter tido independência. De outro lado, o que acho que ele quis dizer foi ‘eu não acho que precisamos ter a independência na lei, pode ter a independência sem a lei e fazer as coisas funcionarem’”, disse.
“Quando você pensa no que está acontecendo no Brasil e quão difícil foi o processo da eleição no Brasil, acho que o mercado estaria bem mais volátil se o Banco Central não tivesse a autonomia na lei. Seria outro elemento de incerteza”, complementa.
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