A Jovem Pan teve uma queda drástica no recebimento de verbas de publicidade governamental. Empresa manifestou surpresa por estar sendo ignorada pelo governo
Pedro Miranda Publicado em 27/07/2023, às 22h17
Desde o início do governo Lula, a Jovem Pan, conhecida por sua postura alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), praticamente desapareceu da lista de emissoras e empresas escolhidas para veicular a publicidade oficial do governo federal.
Durante os quatro anos da gestão Bolsonaro (2019-2022), a rede de rádio e TV havia firmado contratos que totalizaram R$ 18,8 milhões em verbas de propaganda federal, tornando-se a 12ª empresa com mais recursos desse tipo.
No entanto, sob a nova administração de Lula, a Jovem Pan teve uma queda drástica no recebimento de verbas de publicidade governamental. Em 2023, o único registro encontrado no sistema de divulgação de verbas federais foi de apenas R$ 2.413, destinados a uma rádio afiliada em Manaus para a veiculação de campanha de combate à tuberculose.
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Após a mudança na presidência da Jovem Pan, com a entrada de Roberto Alves de Araújo em janeiro, a empresa manifestou surpresa por estar sendo ignorada pelo governo em relação à veiculação de suas campanhas publicitárias. Araújo afirmou que a escolha política de um veículo em detrimento de outro denota o completo abandono da boa administração pública em nome de ideologias.
Vale ressaltar que a troca na presidência ocorreu após os ataques golpistas à sede dos três Poderes em Brasília, no mesmo dia em que o Ministério Público Federal de São Paulo instaurou um inquérito civil público para investigar possíveis violações de direitos e abusos da Jovem Pan. O inquérito cita a veiculação de conteúdos desinformativos sobre o funcionamento das instituições brasileiras, com potencial de incitação à violência e a atos antidemocráticos.
Dentre os programas citados no documento estão o "Jovem Pan News", "Jovem Pan 3 em 1", "Morning Show", "Pingos nos Is" e "Alexandre Garcia", alguns dos quais se destacaram na gestão anterior como porta-vozes acríticos de Bolsonaro.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) foi procurada pela Folha de SP para comentar a exclusão da Jovem Pan dos planos de mídia do governo federal, mas não respondeu diretamente à questão, limitando-se a afirmar que segue normativos e estudos técnicos apresentados pelas agências de publicidade, considerando aspectos como audiência, segmento e cobertura.
Ainda não está claro se a redução dos investimentos em publicidade na Jovem Pan faz parte de uma política deliberada do atual governo Lula ou se está relacionada a outros fatores não mencionados pela Secom.
O presidente da Jovem Pan, Roberto Alves de Araújo, divulgou uma nota expressando surpresa e estranheza em relação ao desaparecimento da empresa na divisão da publicidade oficial durante o governo Lula. Ele ressalta que, mesmo diante de números que comprovam a eficácia da Jovem Pan na comunicação direta com o público, o atual governo tem ignorado completamente o grupo em suas campanhas, sem apresentar qualquer critério técnico para justificar tal decisão.
A nota destaca que a Jovem Pan, ao longo de seus 80 anos de história, se fortaleceu a ponto de não depender de verbas públicas para sua sustentação. No entanto, reconhece a importância do papel do governo em investir em publicidade para informar a população sobre suas ações e iniciativas.
Reitera ainda que a Jovem Pan está sempre aberta ao diálogo com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) e pronta para colaborar com o governo em seus objetivos de comunicação junto à sociedade. A empresa manifesta o desejo de contribuir para as informações chegarem de forma clara e abrangente à população, fortalecendo a relação entre governo e cidadãos.
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