Em 2022, foram 95 mil denúncias, e em 2023, o número saltou para mais de 143 mil. Inicialmente, a pesquisa tinha como foco os registros durante a pandemia de covid-19
Pedro Miranda Publicado em 07/06/2024, às 19h25
Em 2023, as denúncias de agressões contra idosos aumentaram significativamente, com quase 50 mil casos a mais em comparação ao ano anterior. A pesquisa "Denúncias de Violência ao Idoso no Período de 2020 a 2023 na Perspectiva Bioética" revelou que, nos últimos quatro anos, foram registrados 408.395 casos. Desse total, 21,6% ocorreram em 2020, 19,8% em 2021, 23,5% em 2022 e 35,1% em 2023.
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O estudo, elaborado pelas professoras Alessandra Camacho, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Célia Caldas, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), foi baseado em dados do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. A análise excluiu duplicatas de notificações para assegurar a precisão das informações.
Em 2022, foram 95 mil denúncias, e em 2023, o número saltou para mais de 143 mil. Inicialmente, a pesquisa tinha como foco os registros durante a pandemia de covid-19. No entanto, os dados mostraram que as denúncias já vinham crescendo antes da pandemia e continuaram a aumentar após o seu pico.
O estudo também traçou um perfil detalhado das vítimas, considerando variáveis como região do país, raça e cor, sexo, grau de instrução, e a relação entre suspeito e vítima. A análise revelou que a Região Sudeste concentrou 53% das denúncias entre 2020 e 2023, seguida pela Região Nordeste com 19,9%. Esse cenário reflete a maior concentração de idosos no Sudeste, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa apontou que idosos com 80 anos ou mais são os mais vulneráveis à violência, devido às suas condições físicas e à necessidade de cuidados adicionais. Em 2023, essa faixa etária registrou o maior percentual de casos (34%).
A professora Camacho destacou a importância de políticas públicas de apoio a essa população, ressaltando que a vulnerabilidade não se limita à idade, mas também ao gênero. As mulheres representaram mais de 67% das denúncias entre 2020 e 2023, com quase 70% dos casos registrados em 2022. Esse dado enfatiza a necessidade de estratégias específicas para proteger idosas, que são duplamente afetadas pela desigualdade e pelo envelhecimento.
O aumento das denúncias também pode ser atribuído a uma maior conscientização da sociedade sobre a violência contra idosos. Segundo Camacho, as pessoas estão mais dispostas a denunciar, o que reflete uma mudança positiva no comportamento social. “As pessoas estão mais conscientes e dispostas a buscar meios de denúncia, seja em delegacias, seja na Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania”, afirmou.
Com o advento da tecnologia, registrar e denunciar casos de violência se tornou mais acessível, incentivando mais vítimas e testemunhas a reportar abusos. "A facilidade de gravar e registrar essas situações tem contribuído para o aumento das denúncias", concluiu Camacho.
Este aumento nas denúncias reflete tanto um crescimento real nos casos de violência quanto uma maior disposição da sociedade para não tolerar tais atos. É essencial que essa tendência de conscientização continue, juntamente com o fortalecimento das redes de apoio e proteção aos idosos.
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