“Coaching” já se tornou um termo comum no vocabulário dos executivos e vem sido utilizado com freqüência...
Redação Publicado em 06/10/2008, às 15h56
“Coaching” já se tornou um termo comum no vocabulário dos executivos e vem sido utilizado com freqüência nas revistas especializadas em negócios e carreira, dispensando quaisquer explicações a respeito. Algumas grandes empresas brasileiras estão cientes da sua importância para o desenvolvimento e sucesso profissional e o atingimento de metas, e já têm regularmente contratado o serviço de coaches para capacitar seus presidentes, diretores e grandes líderes.
No entanto, o termo ainda carece de explicação para nós, pobres mortais, que ainda não estamos habituados com a linguagem do mundo dos negócios e que, além disso, precisamos também de um coach nas nossas vidas. Cabe aqui então um esclarecimento: coach, em inglês, significa treinador, tutor, aquele que prepara alguém para um determinado objetivo. Coaching, portanto, é o nome do processo em que um coach desenvolve as competências do seu cliente, o coachee, em busca de metas previamente traçadas. Dentro do mundo corporativo, ele é utilizado, claro, em prol da empresa, que investe em um profissional de destaque para que ele passe a utilizar todo o seu potencial com foco em resultados.
Dezée Mineiro, diretora executiva da DQS do Brasil, empresa de origem alemã que atua na certificação de sistemas de gestão, já passou por um coaching. A iniciativa foi sua e a empresa apoiou e financiou o processo. “Na época, gostaria de lidar melhor com um funcionário específico e, por isso, procurei um coach, que me ajudou a elaborar estratégias para essa situação. Queria também aprimorar planejamentos e otimizar reuniões”, conta Dezée. O processo durou cerca de um ano e contou com dez sessões – uma presencial e as demais por telefone. “Foi um investimento muito bom. Fiquei mais segura com minhas decisões, com meu estilo de gestão. Surpreendi-me com os resultados que alcancei”, garante ela.
Seu coach foi Renato Ricci, que há mais de vinte anos presta consultoria na área de gestão de negócios e é autor de livros como “O que é Coaching – E como ele pode transformar você” e “Perspectivas do agora – Criando estratégias positivas para desenvolvimento e transição de carreiras”. Ricci diz que o atendimento pode ser feito tanto pessoalmente, em seu escritório ou nas empresas, como a distância, por Skype – programa que possibilita conversas de voz e vídeo na internet – ou por telefone, como no caso de Dezée. “A maioria é individual, mas existe uma modalidade de atendimento em grupo, que é realizado desde que se tenha uma necessidade conjunta, como, por exemplo, no caso de uma equipe que trabalhará com um novo produto”, esclarece ele.
Reflexão e ação
Ricci alerta para o fato de que não se pode confundir coaching com treinamento ou terapia, nem o coach tem o papel de aconselhar ou identificar os objetivos, habilidade ou carências do profissional, mas sim de conduzi-lo e estimulá-lo. “O processo une duas coisas: reflexão e ação. Quem faz a reflexão e age e toma decisões é o próprio cliente. É ele quem descobre seus déficits e se prontifica para saná-los”, explica o coach.
No coaching, inicialmente, identificam-se as necessidades (claras e obscuras) do coachee, traçando-se, em seguida, um plano de trabalho, em que se desenvolverá uma habilidade específica por vez. O processo dura geralmente de 4 a 12 sessões, que devem ser obrigatoriamente espaçadas para que o indivíduo, no intervalo entre elas, coloque em prática as ações planejadas.
Esta parte, a das ações, se divide em planejamento e exposição: diante de um déficit, definem-se tarefas a serem cumpridas para eliminá-lo, e o profissional deve cumpri-las em seu dia-a-dia, começando pelas mais fáceis. Renato Ricci cita, como exemplo, um profissional cujo problema seja com a comunicação, o medo de falar em público. No início, suas tarefas serão restritas a explanações para o próprio coach, seus pares no trabalho e sua equipe de liderados. Mais tarde, já atingirão os diretores da empresa e clientes, até que ele possa se livrar do incômodo de encarar espectadores. Ricci, no entanto, previne: “Às vezes, o problema não está na comunicação, mas na falta de conhecimentos sobre o assunto de que se vai falar, o que acaba deixando o orador inseguro, constrangido”.
O coach conta que, geralmente, os profissionais atendidos por ele vêem-se diante de dificuldades no relacionamento com seus subordinados, em dar feedbacks (tanto positivos quanto negativos) para sua equipe de maneira efetiva, na comunicação eficaz (como expor melhor um projeto para um cliente, por exemplo), no equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional, na forma de trabalhar melhor a própria imagem e o marketing profissional, na escolha da carreira e na tomada de decisões. Não importa a profissão, a área de atuação e o contexto, os objetivos são sempre focados em melhores resultados, em melhorar o desempenho do profissional e da empresa, em ganhar competências e ascender na carreira.
Segundo o coach, apenas empresas de médio e grande porte costumam investir em seus funcionários. “Nas pequenas empresas, quem procura um coach é geralmente o dono ou sócio”, afirma ele. Entretanto, atualmente, quase metade das suas consultas é particular, pagas pelos próprios profissionais interessados em se desenvolver. “Hoje as pessoas não esperam mais para que a empresa invista nelas”, diz ele.
Lygia Roncel
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