O Brasil atingiu o pior índice de desnutrição infantil dos últimos 14 anos. Mais bebês foram hospitalizados em 2021 também com desidratação e infecções
Glícia Lopes Publicado em 26/10/2022, às 16h41
Bebês brasileiros com menos de um ano de idade têm ido cada vez mais aos postos de saúde e hospitais do país para serem hospitalizados devido à insuficiência de nutrientes, desidratação e, por vezes, infecção. E o diagnóstico é: fome. Estas informações foram apontadas por reportagem produzida pelo Estadão que denuncia: a desnutrição infantil atingiu em 2021 o pior índice dos últimos 14 anos.
O Estadão realizou uma pesquisa inédita onde foram analisados dados do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Desde a série histórica, que passou a ser contabilizada a partir de 2008, houve um aumento de quase 11% do número de hospitalizações de bebês com desnutrição.
Segundo a pesquisa, 2.939 crianças com menos de um ano de idade precisaram ser internadas em 2021 sob as condições de vulnerabilidade social que, além da fome, incluem falta de acesso a saneamento, água potável e a serviços de saúde. E os mais suscetíveis a esta situação foram os bebês das regiões nordeste e centro-oeste do Brasil.
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De acordo com dados apontados no Panorama da Obesidade de Crianças e Adolescentes, divulgado este ano pelo Instituto Desiderata, desde 2015 o índice de desnutrição vem aumentando no Brasil, principalmente entre a faixa etária de 0 a 19 anos. Isso fez com que o país retornasse ao Mapa da Fome, posição da qual o Brasil havia saído em 2014. O levantamento do Instituto reafirma a situação crítica de desnutrição infantil que afeta o país.
A análise apontada pela reportagem do Estadão indica o seguinte panorama, considerando que a cada 100 mil nascidos vivos foram internadas crianças com menos de um ano de idade devido a desnutrição, desidratação e infecções:
A taxa de hospitalizações no nordeste é 51% maior do que o índice nacional, que é de 113 internações a cada 100 mil nascidos vivos. De acordo com Cristiano Boccolini, coordenador do Observa Infância, em entrevista ao Estadão, a situação do país é considerada grave porque, como as crianças ficam mais suscetíveis a infecções, estas doenças enfraquecem muito a saúde, principalmente em casos de bebês com menos de um ano. E é a partir daí que a desnutrição se instala favorecendo o aumento das internações.
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