Estudos apontaram aproveitamento positivo de 100% dos participantes com uso de psilocibina, substância psicodélica de cogumelos mágicos. Veja
Glícia Lopes Publicado em 03/11/2022, às 12h23
Uma série de pesquisas recentes apontam para a volta da onda dos psicodélicos. Desta vez, as substâncias estão sendo cotadas para revolucionar a psiquiatria. Como exemplo disso, a psilocibina, substância psicodélica presente em espécies de cogumelos, conhecidos como cogumelos mágicos, indicou uma importante eficácia no tratamento de transtornos psiquiátricos como a depressão grave.
As pesquisas psiquiátricas com psicodélicos têm retomado, recentemente, espaço no desenvolvimento científico. Estes estudos foram barrados nos anos 1970 com o início da Guerra às Drogas. Assim, substâncias psicodélicas, conhecidas por “abrir a mente”, como LSD, MDMA, DMT, psilocibina, mescalina e ibogaína, por exemplo, já contam com novos estudos que avaliam os efeitos destas substâncias no tratamento de diversas doenças psiquiátricas e apontam um cenário positivo.
Para importantes nomes da neuropsiquiatria, é hora de levar a sério os tratamentos psiquiátricos feitos com psicodélicos, como ocorria nos anos 1950 e 1960. No caso da psilocibina, por exemplo, um estudo realizado em 2017 em pesquisas clínicas com psilocibina acompanhou 92 pacientes com doenças terminais e quadros de depressão e ansiedade. Seis meses após o estudo, 80% dos participantes apresentaram benefícios e 60% não apresentavam critério de transtorno depressivo ou de ansiedade.
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Uma pesquisa publicada na renomada revista científica The Lancet utilizou a psilocibina em 12 pacientes com depressão moderada a refratária (resistente ao tratamento). Com suporte psicológico, foram aplicadas duas doses de psilocibina via oral (de 10 a 25mg) em cada participante, com um intervalo de sete dias entre cada dose.
Antes, durante e após cada sessão os participantes recebiam o suporte psicológico e cerca de uma semana a três meses após o tratamento eram feitas avaliações do humor destes pacientes. Segundo dados da pesquisa, não houve nenhum efeito adverso grave e 100% dos participantes apresentaram uma melhora no quadro de depressão e 67% já apontavam respostas positivas após uma semana de tratamento.
Um segundo estudo onde aumentou o número de participantes avaliados e estendeu o tempo de análise para seis meses. O feito se repetiu: todos os participantes também apresentaram melhoras significativas no quadro de depressão, com a redução do escore da doença.
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A psilocibina é o princípio ativo encontrado nos cogumelos da espécie Psilocybe cubensis, popularmente chamados de cogumelos mágicos. Quando ingerida, a substância é transformada em psilocina, que é a substância principal responsável pelos efeitos psicodélicos do cogumelo.
A psilocina provoca a alteração de importantes funções cerebrais como a atenção, o pensamento, o sentimento, a percepção sensorial, a memória e o ato de decisão. A vantagem é que a substância oferece baixa toxicidade e apresenta pouco risco de dependência.
Uma pesquisa observou que a experiência com a psilocibina possibilita alterar a personalidade do usuário, quando aplicada sob condições de suporte psicológico. Desse modo, 50% a 80% dos participantes relataram mudanças benéficas na personalidade, valores, atitudes e comportamentos.
Os principais benefícios apontados pelos participantes do estudo foram: o senso de unidade e interconexão com todos os indivíduos e coisas da Terra, o senso do divino, o sentimento de paz e alegria, o senso de transcendência do tempo e espaço normais e a percepção intuitiva de que a experiência com a psilocibina é a fonte verdadeira e objetiva sobre a natureza da realidade.
Isso se dá porque a substância psicodélica dos cogumelos mágicos promove uma melhor conexão entre neurônios, em regiões que são afetadas e limitadas pelos transtornos psiquiátricos. Os riscos apresentados pela substância foram majoritariamente psicológicos. Além da depressão grave, há indícios da eficácia da psilocibina no tratamento de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e de transtorno de estresse pós-traumático, por exemplo.
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