Numa iniciativa inédita, cinqüenta organizações receberam o Prêmio das Melhores Empresa para Estagiar no últim
Redação Publicado em 31/01/2007, às 11h11
por Luiz Gonzaga Bertelli *
Numa iniciativa inédita, cinqüenta organizações receberam o Prêmio das Melhores Empresa para Estagiar no último mês do ano passado. O ranking foi montado com base em pesquisa independente do Ibope Solution, numa parceria que envolveu a expertise do CIEE, com seus 42 anos dedicados à inserção do estudante para o mercado de trabalho, e da seccional paulista da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH/SP).
O Ibope avaliou as empresas pela ótica de seus estagiários, que forneceram respostas sigilosas a 26 quesitos destinado a medir a qualidade dos programas de estágio, posteriormente confirmadas por visita in loco de uma equipe técnica. Vale destacar que as empresas se inscreveram voluntariamente para participar da pesquisa, atendendo a alguns pré-requisitos, como a existência de mais de dez estudantes em treinamento e atuação no Estado de São Paulo.
As conclusões da pesquisa mostram dados interessantes sobre o perfil dos estagiários nas empresas-referência. Por exemplo, existe um divisão quase meio a meio entre as oportunidades oferecidas a mulheres e homens (51% a 49%); 83% pertencem a cursos superiores e 56% têm entre 21 e 25 anos - faixa etária que mais contribui para engrossar a taxa de desemprego no Brasil e no mundo. Com bolsas-auxílio que chegam a mais de 2 mil reais (portanto, mais do que muitos salários iniciais), os programas de estágio das mais bem avaliadas confirmam a tendência que se nota no mundo corporativo de, quando se fala em benefícios e integração à equipe, tratar da mesma maneira o estagiário e ao colaborador efetivado. Isso faz com que a maioria dos estagiários receba vales refeição e transporte e alguns chegam até a receber a 13ª bolsa-auxílio. Somada ao explicitado reconhecimento do valor do treinamento prático pelos jovens, essa tendência desmente um falso conceito que ainda persiste em certos círculos que, por desinformação ou até mesmo má fé, ainda insistem em atacar essa experiência como danosa ao mercado de trabalho.
As respostas dos estudantes pesquisados - vale insistir que coletadas sob total sigilo - e os depoimentos das empresas registrados em reportagens publicadas por prestigiosos jornais endossam a defesa que educadores, empresários, executivos, jovens, além do próprio CIEE, fazem do estágio. Contando com expressivo número de empresas de alta tecnologia ou referências em gestão moderna, as cinqüenta melhores para estagiar são unânimes em destacar o valor do estágio para suas estratégias corporativas. É consenso, em especial entre os executivos de RH, que o estágio é o mais eficaz caminho para o jovem iniciar a construção de uma bem sucedida carreira e para a empresa captar e lapidar seus futuros talentos. Formado dentro da cultura própria de cada organização, ele poderá mais rapidamente contribuir para a renovação, sempre com qualidade assegurada, de seu quadro profissional.
Mais do que discorrer sobre as vantagens que as empresas obterão ao implementar um bem estruturado programa de estágio, há um dado que é impactante: a quantidade de jovens que são efetivados e promovidos a cargos de gestão, muitos deles até mesmo antes de concluído o contrato de treinamento - taxa que em várias empresas chega a 100%. A edição de novembro/dezembro da revista Agitação, que o CIEE distribuirá na próxima quinzena, traz uma série de desses cases, relatados por seus próprios protagonistas. E isso ocorre não apenas nas dez primeiras classificadas mas em todas as outras quarenta empresas ranqueadas nesta primeira edição do prêmio. Exemplo disso é a trajetória de Karolina Silva Martins, estudante de Direito que começou como estagiária na J&W Informática (especializada em soluções para o trânsito), atuou como assistente do diretor jurídico e aprimorou-se em cursos de pós-graduação. Resultado: "por conhecer mais de perto as peculiaridades dos produtos, fui surpreendida em abril deste ano com a grata proposta de promoção a gestora de produtos, que é claro, topei na hora!".
Uma das razões da eficácia da prática na empresa é explicada por Maria Fernandes Kopelman, diretora de Recursos Humanos da Promon, respeitada empresa de engenharia: "os estudantes saem das universidades mal preparados e, com estágio, começam a entender a dinâmica corporativa, a cultura da empresa; aprendem que, embora as regras não sejam escritas, elas existem e precisam ser respeitadas; e também têm condição de analisar se o que estudam é o que realmente querem".
As dez primeiras classificadas são Uniban, Apsen, Braile Biomédica, EMC Brasil, Macro Auditoria e Consultoria, Promon, Credicitrus, Audatex, Utell e J&W Tecnologia de Trânsito. A lista completa pode ser vista no site www.ciee.org.br.
* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e diretor da Fiesp.
O Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE é uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos e de fins não econômicos, reconhecida como entidade de assistência social que, por meio de diversos programas, dentre eles o de aprendizagem e o estágio de estudantes, possibilita aos adolescentes e jovens uma formação integral, ingressando-os ao mundo do trabalho.