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Banco Central abandona os sinais da economia e insiste em juros elevados

É a primeira vez que os juros ficam parados por um período tão longo mesmo com mudanças no IPCA. Especialistas comentaram sobre a postura do Banco Central

Postura do Banco Central pode estar relacionada a um cenário de incertezas em relação ao crescimento econômico do país
Postura do Banco Central pode estar relacionada a um cenário de incertezas em relação ao crescimento econômico do país - Divulgação/JC Concursos
Pedro Miranda

Pedro Miranda

redacao@jcconcursos.com.br

Publicado em 21/03/2023, às 18h39

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Nos últimos meses, o Banco Central (BC) manteve a taxa Selic em patamares elevados, mesmo com a queda no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de preços do país. Essa é a primeira vez, desde 1999, que o BC eleva os juros em vez de pausá-los logo após a inflação parar de subir. Economistas consultados pela CNN explicam que essa postura do BC passa por diversos fatores que justificam uma vigília extra.

De acordo com esses especialistas, a inflação atual é mais rígida do que as do passado, de alcance global e vinda de um patamar extremamente alto. Além disso, a inflação está "maquiada" por uma série de desonerações, sem perspectiva de novas quedas no horizonte e ainda bem distante da meta que deveria cumprir, sendo hoje também mais baixa. Essa conjuntura de fatores é o principal motivo mencionado pelos economistas para o descolamento entre a Selic e o IPCA nos últimos meses.

Embora esses fatores não sejam totalmente inéditos para um país com passado inflacionário como o Brasil, em poucos ou nenhum momento anterior eles haviam se colidido simultaneamente, ou com a mesma intensidade atual.

Ainda assim, especialistas acreditam que a economia brasileira está caminhando para um cenário mais favorável, com a inflação sob controle e a Selic em patamares mais baixos, o que pode impulsionar o consumo e o investimento no país.

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É a primeira vez que os juros ficam parados por um período tão longo mesmo com mudanças no IPCA

Apesar de o IPCA estar em queda desde abril do ano passado, quando atingiu seu maior nível em 19 anos e chegou a 12,13% no acumulado em 12 meses, a desaceleração nos meses seguintes foi bastante veloz, e em fevereiro, último levantamento divulgado, ficou em 5,6%, já são dez meses de recuo.

Ainda assim, o Banco Central, responsável pela Selic, não fez nenhum corte na taxa, além de tê-la elevado mais nos primeiros meses depois que a inflação já tinha parado de subir. É normal haver um pequeno atraso entre o movimento da inflação e a decisão do BC de mexer nos juros, já que as variações de um mês ou outro podem estar ligadas a um choque passageiro ao qual a Selic não necessariamente precisa reagir.

No entanto, é a primeira vez que os juros ficam parados por um período tão longo, mesmo com o IPCA já tendo mudado de direção há tempos. Especialistas apontam que essa postura do Banco Central pode estar relacionada a um cenário de incertezas em relação ao crescimento econômico do país, à situação fiscal e política, e também à alta do dólar.

Mesmo assim, essa situação é um sinal de que a economia brasileira está caminhando para um cenário mais favorável, com a inflação sob controle e a Selic em patamares mais baixos, o que pode impulsionar o consumo e o investimento no país.

O Banco Central enfrenta um grande desafio em manter a inflação do país dentro da meta estipulada pelo governo, que atualmente é de 3,25% para 2023 e 3% para 2024, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Desde 2018, essa meta vem sendo gradativamente reduzida, mas o país ainda não conseguiu alcançá-la nos últimos anos, com a inflação estourando o teto da meta por três anos consecutivos.

Com metas inflacionárias mais baixas em vigor em meio a um choque global de preços, o Brasil está prestes a completar três anos consecutivos com a inflação ultrapassando o teto estabelecido pelo governo em 2023. Isso só ocorreu uma vez antes, há 20 anos, e contribuiu para adiar a possibilidade de o Banco Central reduzir as taxas de juros.

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