Resultados mostram que professores brasileiros afirmaram que o trabalho impacta negativamente a saúde física. Pesquisa também identificou transtornos mentais comuns
Um estudo realizado no âmbito do Programa de Pós-graduação em Ciências Fonoaudiológicas da Faculdade de Medicina da UFMG revela que os professores do segundo segmento do ensino fundamental (6º ao 9º ano) enfrentam altos índices de adoecimento físico e mental devido a fatores como estresse, condições psicossociais e insatisfação com o trabalho.
A pesquisa utilizou dados secundários do estudo Teaching and learning international survey (Talis), realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Talis investigou as associações entre o adoecimento de professores da educação básica e os fatores psicossociais do trabalho.
Entre os fatores destacados, a exposição a ruídos e doenças vocais, juntamente com questões como salários baixos, falta de apoio social, segurança e valorização, foram apontados como elementos impactantes na saúde física e mental dos docentes. A pesquisa ouviu 5.614 professores, sendo 2.217 brasileiros e 3.397 portugueses.
Os resultados mostram que 27,3% dos professores brasileiros afirmaram que o trabalho impacta negativamente a saúde física, enquanto 27% relataram prejuízos à saúde mental. No caso dos professores portugueses, os índices são mais elevados, com 59,4% relatando impacto negativo na saúde física e 64,9% na saúde mental.
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A pesquisadora Nayara Ribeiro destaca que, apesar de Portugal ser um país menor, as diferenças nos índices de estresse podem estar relacionadas às questões políticas do trabalho. No entanto, ela ressalta que os professores brasileiros citam mais frequentemente a insatisfação com o salário como um fator de estresse.
A pesquisa identificou transtornos mentais comuns, dor musculoesquelética e a Síndrome de Burnout como principais causas de adoecimento entre os professores. Nayara sugere que políticas públicas voltadas para a promoção e prevenção da saúde, incluindo apoio social nas escolas para aliviar demandas e equilibrar trabalho e vida pessoal, poderiam contribuir para minimizar os impactos do adoecimento desses profissionais.
Além disso, o estudo destaca que o impacto negativo da insatisfação com o trabalho é mais evidente entre mulheres de 40 a 59 anos e profissionais com mais de 11 anos de carreira, que alegaram falta de tempo para a vida pessoal e manifestaram insatisfação geral com o trabalho, salário e recompensas recebidas.
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