Gastos com atividades culturais representavam 8,4% da inflação oficial em 2023. Informalidade não se traduziu em salários mais baixos para o setor cultural
Uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, embora o setor cultural no Brasil seja composto por uma proporção significativamente maior de empregos informais em comparação com o total das atividades econômicas, os trabalhadores nesse ramo são, em sua maioria, altamente qualificados e recebem salários mais elevados.
Conforme o Sistema de Informações e Indicadores Culturais, em 2022, o setor cultural empregava cerca de 5,4 milhões de pessoas, representando 5,6% do total de ocupados em todas as atividades econômicas. O estudo abrangeu empresas e ocupações relacionadas à cultura, desde companhias de teatro, cinema, casas de espetáculos, museus até editoras, empresas de design e de comunicação.
Embora 30,6% dos trabalhadores do setor cultural tenham ensino superior completo, um percentual superior à média nacional de 22,6%, a pesquisa destacou que a informalidade atingia 43,2%, superando a taxa de 40,9% em toda a economia. Além disso, 42,1% dos profissionais culturais eram trabalhadores por conta própria, comparados a 26,1% na média geral da economia.
Surpreendentemente, a informalidade não se traduziu em salários mais baixos para o setor cultural. Enquanto a média nacional era de R$ 2.582, os trabalhadores culturais recebiam, em média, R$ 2.815. Contudo, persiste a disparidade salarial entre homens e mulheres, com uma diferença de 23%, recebendo R$ 2.510 e R$ 3.087, respectivamente.
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O estudo também analisou o Índice de Preços da Cultura (IPCult), revelando que os gastos com atividades culturais representavam 8,4% da inflação oficial em 2023, indicando uma redução em relação aos 9,1% registrados em 2020. Notavelmente, os gastos com cultura subiram menos do que a inflação geral nos últimos dois anos, com o IPCult acumulando uma média de 3,2%, em comparação com 6,8% do IPCA.
No que diz respeito aos investimentos públicos no setor, 2022 se destacou como o ano com maior volume de gastos, totalizando R$ 13,6 bilhões, representando um aumento de 73% em relação a 2012. Entretanto, os gastos federais diminuíram em 33,3%, enquanto estados e municípios aumentaram seus investimentos em 77% e 125%, respectivamente.
Ao mapear a presença de equipamentos culturais pelo país, o IBGE evidenciou a desigualdade de acesso. Cerca de 31,4% da população vive em municípios sem museus, 30,6% sem teatros e alarmantes 42,5% sem salas de cinema. As regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste enfrentam maiores desafios, com a necessidade de deslocamentos superiores a uma hora para acessar esses equipamentos culturais.
Em uma análise por acesso per capita, a desigualdade persiste, destacando a necessidade de medidas para equilibrar o acesso à cultura em todo o país.
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