Há uma tendência em se dizer que "português é português" em todos os concursos, o que faz com que os candidatos não se preparem de maneira correta e focada. É claro que as regras solicitadas são as mesmas dos livros de gramática, contudo, cada instituição tem uma forma específica de exigi-las. Não conhecer o estilo da organizadora é uma porta aberta para cair em pegadinhas.
O Cespe/Cebraspe, por exemplo, constrói questões em que o candidato deve julgar certas ou erradas afirmações feitas sobre um determinado assunto, ou seja, não há alternativas a serem assinaladas e pode ser que a construção gramatical da frase esteja correta, mas a afirmação não. Quem vai para a prova sem ter ciência desse estilo de questionamento tende a ser alvo das armadilhas do examinador.
O ideal é treinar os conteúdos do edital por meio de provas anteriormente organizadas pela instituição para se familiarizar com o esquema das questões e evitar surpresas no dia do concurso.
Uma pegadinha recorrente é o examinador colocar um texto enorme para fazer perguntas que não exigem leitura aprofundada, mas apenas conhecimentos gramaticais. A proposta é fazer o candidato perder tempo. Para não cair nessa, deve-se analisar os enunciados antes de ler o texto, assim, fica mais objetiva a resolução da prova.
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É muito comum o candidato conhecer as matérias estudadas mas não saber como aplicar esse conhecimento, o que se torna um prato cheio para o examinador fazer pegadinhas. Por exemplo: no lugar de escrever no enunciado "assinale a alternativa em que o singular e o plural estão corretos" - que deixaria bem claro o que se deve procurar -, o examinador usa a nomenclatura "concordância" esperando que o concursando não se atenha a esse nome técnico e passe a analisar - sem foco e perdendo um tempo precioso - todos os aspectos gramaticais. Para não ser pego nessa armadilha, o ideal é estudar sempre pensando em terminologias. Normalmente cada enunciado direciona apenas para um raciocínio.
Vale lembrar os tópicos mais pedidos nos concursos: concordância (combinação de gênero e número); regência (análise da complementação dos termos, necessidade de preposição); ortografia (escrita das palavras); morfologia (análise das palavras, classes gramaticais); sintaxe (análise da oração).
Em questões que solicitam a interpretação, os examinadores costumam usar palavras ou expressões muito parecidas com as do texto original a fim de confundir o candidato. Um trecho que contenha a informação: "as ideias propostas pelos gestores vão na mesma direção do que propõem os grandes empresários, por isso o acordo entre eles é iminente" poderia ser sugerido em uma alternativa da seguinte maneira: "as ideias propostas pelos gestores vão de encontro ao que propõem os grandes empresários, logo, o acordo entre eles é importante".
Observe que a expressão "de encontro a" parece ter o mesmo sentido de "vão na mesma direção", mas não é o caso, uma vez que significa "choque, contrário"; bem como "iminente" não quer dizer "importante", mas se refere a algo que está para acontecer. A pegadinha está no vocabulário.
Como não ser pego na hora da prova? Grifando o texto e voltando a ele de maneira objetiva, sem ir além do que está escrito. Os examinadores focam nos detalhes que passam despercebidos por um leitor desatento.
Uma pegadinha da prova de Língua Portuguesa consiste em tentar fazer o candidato se atrapalhar com questões que exijam a reescrita de frases.
O enunciado "marque a alternativa em que a frase 'Em São Paulo, existiram fatos que preocuparam as autoridades' está corretamente reescrita mantendo o sentido original" pode sugerir seguinte construção em uma alternativa: "Em São Paulo, houveram fatos que preocuparam as autoridades".
Claro está que os verbos "existir" e "haver" têm o mesmo sentido, contudo, há uma regra gramatical que nesse caso exige que "haver" seja usado apenas no singular (houve). Se o candidato só se ateve exclusivamente ao sentido, caiu na pegadinha. É essencial estar atento ao termo "corretamente" no comando da questão, pois esse é um indício de que a norma padrão do idioma deve ser analisada também.
Boa sorte e bons estudos!
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