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A conquista da liberdade

Tudo se passa em São Luís, capital maranhense, cidade onde Fladamari nasceu e vive até hoje.

Redação
Publicado em 24/09/2010, às 14h45

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Certo dia, chega em minha caixa de e-mail uma sugestão de uma colega de trabalho para a coluna. Clico no link enviado por ela e o que aparece é um depoimento de Fladamari, 37 anos. Ao ler aquelas linhas que demonstram tanta força de vontade, parece impossível não tentar descobrir um pouco mais sobre aquela mulher.

Tudo se passa em São Luís, capital maranhense, cidade onde Fladamari nasceu e vive até hoje. Casada, mãe de uma menina de um ano e matriculada no curso de ciências contábeis da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), ela trabalhava como assistente financeira. Tudo ia bem, até que foi diagnosticada uma intolerância alimentar na filha de Fladamari e a jovem foi obrigada a abandonar o emprego e a faculdade para dedicar-se integralmente à casa e à menina, que, a partir daquele momento, precisaria de mais cuidados e atenção. Ali, começaram a surgir algumas adversidades, que duraram de 2000 a 2005. “O ano de 2005 foi o mais difícil, pois em janeiro nasceu a minha segunda filha. Meu período de resguardo foi um terror, eu lavava, passava e cozinhava. Ainda tinha que levar a mais velha à escola, de ônibus, com o nenê no colo e debaixo de chuva, pois no Maranhão os seis primeiros meses do ano são chuvosos”, relata, confessando estar emocionada ao se recordar daquele período.

Tendo pais funcionários públicos, Fladamari já tinha prestado alguns concursos, mas não havia levado aquilo muito a sério. “Depois que apareceram as dificuldades, senti na pele a necessidade de me estabilizar financeiramente”. Ingressou, então, na vida de concurseira, mas os bons resultados ainda não tinham aparecido. Eis que, em 2004, o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ/MA) lançou processo seletivo e ela decidiu concorrer a uma vaga de auxiliar judiciário. Com o apoio total da família – os pais pagaram a taxa de inscrição, a irmã a ajudou em português e redação e o irmão arcou com os custos de um cursinho para revisão –, ela decidiu que aquela era a sua grande chance. “Quando saiu o edital, ainda estava grávida. Levava minha filha mais velha à escola e seguia para uma biblioteca pública próxima de casa. Estudava até a hora de ir buscá-la”.

Na data da avaliação objetiva, Fladamari teve que deixar a recém-nascida com uma amiga e foi a primeira a fazer a prova e entregá-la. Não teve coragem de conferir o gabarito e veio da sua irmã a primeira boa notícia daquela maratona. Das 50 questões, havia acertado 44 e estava classificada para a etapa seguinte. A partir daí, a concentração teve de ser total. Só estudava, não recebia mais visitas em casa, não saía para passear com as filhas, nem mesmo a televisão tinha espaço em sua vida. “Pensava que era só por um tempo que deixaria de fazer as coisas que gostava”, afirma.

No dia da segunda fase, a apreensão foi ainda maior, já que o exame era composto por questões dissertativas e uma redação. Fladamari suou, tremeu, achou a prova difícil e chegou a ficar um tanto desesperançada, mas, para a sua felicidade e de toda a família, em setembro de 2005 o resultado foi publicado e ela pôde ver seu nome na lista de aprovados. “Estava ao lado dos meus pais, que me abraçaram e choraram comigo de emoção”.

A posse veio em fevereiro de 2006 e, passados mais de quatro anos no tribunal, ela confessa ser apaixonada pelo que faz. Desde então, sua vida mudou e muito. O casamento chegou ao fim, ela comprou o carro próprio e, hoje, está cursando a faculdade de direito para, após a formatura, prestar outros concursos.  “Este ano foi a primeira vez que saí do Maranhão. Eu e minhas filhas fomos à Paraíba e ao Rio de Janeiro. Eu conquistei minha liberdade. Quer coisa melhor?”.

Após conhecer um pouco sobre a história dessa maranhense cheia de determinação, chega a hora de saber que Fladamari é, na verdade, Flávia Barbosa Silva Santos. O pseudônimo é a junção de Flávia e o nome das filhas, Dandara e Marina, as suas grandes paixões e que fazem todos os sacrifícios valerem a pena.   

Talita Fusco

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