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Ensinando a aprender...

Um perfil do autor do livro "Como passei em 15 concursos?"

Redação
Publicado em 30/12/2011, às 14h03

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Existem coisas na vida que exigem perseverança. Passar em um concurso é uma dessas coisas. Passar em quinze, impera-se a ponderação, sugere certa predestinação. Não é a avaliação que faz José Roberto Lima, autor do convidativo livro “Como passei em 15 concursos?” (Editora Método). O mineiro de Leopoldina, que aos 51 anos deixa transparecer ansiedade juvenil, se preocupa em informar que “não tem inteligência acima da média”. Delegado da Polícia Federal, cargo conquistado no 15º concurso em que obteve aprovação, Lima pontua que gosta de estudar e credita à objetividade nos estudos a impressionante marca. “O segredo é estudar pouco”, observa. “E quando digo pouco, é pouco mesmo. Coisa de duas horas por dia, mas todos os dias”, analisa para espanto geral da nação. 
Não que o delegado federal, que também é professor das matérias direito penal e processo penal, esteja induzindo o candidato (ou aluno) a afrouxar-se nos estudos. Pelo contrário, a dica é cultivar um hábito. 
Outra dica valiosa para todos, sejam concurseiros ou não, é saber rir de si mesmo. “O ser humano ri quando alguém na rua tropeça em uma casca de banana, mas se aborrece quando é ele a tropeçar”, saca a metáfora da cartola com vistas a ilustrar seu argumento. “O sucesso e a felicidade não dependem de um conjunto de coisas, mas sim de um conjunto de atitudes”, continua em tom professoral. “Não é ‘passarei em um concurso e serei feliz’. É seja feliz e passe em um concurso”. O bordão de auto-ajuda incita uma reflexão mais específica. Lima acredita que “vivemos um momento histórico em que o principal movimento literário é o de auto-ajuda. Tivemos o realismo, o romantismo, o modernismo...”, enumera buscando abrigo para sua teoria. Segundo Lima, uma das contingências da modernidade é o fato das pessoas buscarem amparo para a lógica de suas vidas. “Eleger um livro que te proponha a aprender algo é valiosíssimo”, pondera. 
E como ele descreveria alguém que passou em 15 concursos? O mineiro, bem à mineira, sai pela tangente. Rememora todo o método que compartilha com os leitores em seu livro, temperado com o bom humor de quem está de bem com a vida. Tanto que, indagado se mudaria algo em sua trajetória, Lima se permite ser romântico e prático ao mesmo tempo. “Eu não seria fumante. Esse vício me obrigava a fazer muitas pausas nos estudos”. Um arrependimento é a demora para ter constituído família. “Se fosse hoje, não esperaria me formar”. Vale o registro de que Lima só completou o ensino médio aos 25 anos e a graduação em direito só veio em 1992, quando já tinha 32 anos. “Caso eu tivesse constituído família antes, meus filhos teriam mais chances de ver meu empenho e o sucesso que daí decorreu”, expõe a razão pedagógica de seu arrependimento. Há planos para um novo livro? Sim. “Caso seja aprovada, será a minha tese de mestrado”. A orientação pedagógica que pauta o arrependimento de Lima quanto ao fluxo familiar e que também pode ser observada no decorrer da leitura de seu livro, é, ainda, tema de sua tese: a atividade de magistério no âmbito do direito. 
Parece genuíno no delegado federal que escreve livros e dá aulas o interesse em valorar o aluno. Semear o gosto pelo aprendizado, mas instrumentalizá-lo corretamente. Ele parece buscar em todo interlocutor, seja ele o ouvinte de uma palestra, o leitor indeciso ou curioso do livro convidativo ou mesmo um jornalista em busca de um perfil, “a emoção de aprender”. Lima adverte que quando aprendemos com emoção, não nos esquecemos do conteúdo estudado. Faz sentido. Jogando essa ideia para o âmbito emocional, é difícil crer que nos sujeitaríamos a um mesmo trauma romântico duas vezes. Muitas vezes nos sujeitamos. Isso ajuda a entender o porque de vivermos na era da “literatura da auto-ajuda”. Nem todo mundo gosta de estudar.

Por Reinaldo Matheus Glioche
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