“Acredito que a vida profissional de quem estuda para concursos é como uma escada em que cada degrau é uma aprovação”. A frase parece retirada de alguma coluna de algum guru dos concursos ou de um concurseiro com larga experiência na iniciativa privada, mas é da brasiliense Larissa Renata Garisto Montes, de apenas 22 anos. A jovem conta que, aos 15 anos, queria ser empresária e que, durante a vigência da faculdade de administração, “até tinha algum preconceito com a carreira pública”. Ela, que atualmente compõe os quadros da Infraero, admite que “abriu a cabeça” para os concursos e hoje pode ser descrita nesse perfil como uma legítima concurseira.
Não foi nenhum revés monumental que conduziu Larissa ao setor público. Foi, em parte, a angústia de todo egresso da universidade. “Quando me formei, estava um pouco perdida e não tinha certeza sobre o que queria fazer. Por isso, tentei conhecer melhor como era o serviço público e percebi que, em muitos aspectos, é parecido com a iniciativa privada”, contextualiza.
E quando ela usa o termo conhecer, não é da boca para fora. Só em 2011 foram quatro aprovações em concursos que qualquer professor classificaria como “de grande porte”. Em maio veio a primeira aprovação, nos Correios. “Foi uma surpresa”, indica Larissa. Ela só havia estudado pela apostila. Em setembro passou no concurso da Infraero e no mesmo mês foi aprovada na seleção da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Ainda antes das cortinas de 2011 se fecharem, Larissa garantiu aprovação no Procon.
Esse apetite todo tem razão de ser, segundo a jovem que trabalha de dia, faz cursinho à noite e estuda nos finais de semana: “O mais comum é a pessoa almejar um concurso melhor e mais difícil, mas começar com aprovações em concursos menos concorridos antes. Quanto mais a pessoa se dedica, em tempo e esforço, maior a chance dela aumentar o nível dos concursos em que é aprovada”. E qual é o “concurso dos olhos” da brasiliense? Ela não diz. Até porque ainda mantém o sonho de ser empresária, mas admite a próxima etapa: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A lógica que move a decisão de Larissa, e que ela gentilmente compartilha com os leitores, é a seguinte: “O TSE, assim como outros órgãos do Judiciário, oferece vantagens que outros órgãos não oferecem. Além de boas remunerações e outros benefícios e acréscimos possíveis de adquirir, o horário de trabalho geralmente é mais reduzido e flexível. Para quem deseja passar em outros concursos ainda melhores, isso é muito bom”.
No curso da entrevista fica patente o pragmatismo da moça de 22 anos que mergulhou de cabeça na busca por uma boa colocação no serviço público. Aluna da Vestcon, a brasiliense faz uma defesa fervorosa dos cursinhos preparatórios. “Acho muito importante, principalmente quando você está começando a estudar para concursos. Primeiro, porque é mais fácil entender as matérias quando tem alguém que conhece muito sobre o assunto te explicando, dando dicas... Segundo, porque você convive com muitas pessoas que estão na mesma rotina que você, o que te motiva bastante, porque você vê que não é o único estudando, sem muita vida social, etc”.
São 22 anos e muita determinação. A jovem, quando indagada a respeito, aponta essa força de vontade como uma qualidade. E apesar do bom retrospecto elege a “falta de disciplina” como vilã.
Fica difícil crer que, com tamanho comprometimento e obstinação, Larissa se divorcie do serviço público em algum momento de sua vida. Talvez por isso se veja como empreendedora – o que pode lhe valer uma segunda vez em “A vida em parágrafos”. “Como todo administrador, ainda tenho vontade de criar minha própria empresa, porque eu sei que, mesmo em um cargo de analista administrativo, vou sentir falta da parte de gestão, planejamento, e outras atividades um pouco mais fáceis de se encontrar na iniciativa privada do que na carreira pública”.
Essa confissão deixa transparecer que apesar de experiência ainda ser algo que não possa ser atribuído tão peremptoriamente à Larissa, ela está no caminho certo. Além de revelar que ela sabe exatamente como materializar seus sonhos.
Por Reinaldo Matheus Glioche
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