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Aprovado para outro estado: a hora da mudança

Conheça a história dos “forasteiros” - professores de outros estados aprovados no concurso de Taubaté (SP).

Redação
Publicado em 02/09/2008, às 12h54

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Ao decidir participar de um concurso público, a maioria das pessoas leva em consideração, em primeiro lugar, o salário oferecido, não importa de onde seja a seleção. Muitas vezes os concurseiros se esquecem de que irão viver em outro lugar, com pessoas diferentes e culturas diversas às da cidade natal. E essa adaptação pode não ser das mais fáceis, especialmente no que diz respeito às relações interpessoais.

Ficar longe da família e dos amigos e precisar formar uma nova rede social pode ser, algumas vezes, mais difícil do que passar no concurso. Foi o que aconteceu com a professora de educação física mineira Elisa Souza, aprovada no concurso da prefeitura de Taubaté, cidade do interior paulista. “A receptividade não foi das melhores. Muitas pessoas que passaram no concurso vieram de fora do município e fomos vistos como ‘as pessoas que tiraram o emprego dos taubateanos’. Além disso, a população da cidade se preocupa com aparência mais do que qualquer outra coisa. São, em sua maioria, fechados e desconfiados”.

Ela e outros concursados na mesma situação, procedentes de estados como Rio de Janeiro, Piauí e Minas Gerais, formaram o grupo “Forasteiros”, composto essencialmente de professores da rede pública vindos de fora da cidade. “Na verdade, a idéia surgiu de uma brincadeira, pois ouvíamos os comentários feitos na câmara dos vereadores nos chamando de ‘forasteiros’. Daí, tivemos a idéia de fazer um churrasco e juntar todas as pessoas nessa situação”, diz a professora carioca Iane Santos, uma das “forasteiras”. Segundo ela, cerca de 80% dos aprovados no concurso vêm de outras regiões.

Os componentes do grupo, que têm até camiseta própria, reúnem-se com bastante regularidade. “Sempre que um dos ‘forasteiros’ faz algo, todos os outros estão automaticamente convidados, seja para um pão com manteiga, festas ou até viagens”, diz a também mineira Kelly Dias. Ela, como os outros “forasteiros”, relata a dificuldade que teve em criar um novo círculo social na cidade. “A adaptação foi muito difícil. A cultura local é muito diferente da mineira. Senti muita falta de sentar na cozinha das pessoas e bater papo. Ter intimidade nos relacionamentos. Conheci muitas pessoas no trabalho e, por mais de seis meses, não fui convidada por nenhum nativo pra visitar a casa! Só conseguimos fazer amizade com pessoas de fora, exceto um casal de amigos”.

Prós e contras de se morar fora

Para muitos, sair da terra natal e trabalhar em um lugar desconhecido pode parecer uma aventura. E é, mesmo. Reconstruir a vida em um local onde não se há conhecidos é difícil – levando-se em conta desde aspectos burocráticos, como alugar uma casa e pagar contas, até o componente psicológico, em que a solidão pode atrapalhar o dia-a-dia. “Em muitos momentos, a saudade de casa aperta, a comidinha e o colinho da mamãe, a roupinha lavada, a casa arrumada, o porto seguro que é a família não existem mais. Mas esse é um dos preços que pagamos pela liberdade”, conta Elisa.

“Para quem morava com os pais, a dificuldade é ainda maior, porque temos que nos virar com várias coisinhas da ‘vida adulta’”, diz Kelly. Controlar contas, instalar telefone, Internet, fazer compras, olhar móveis para comprar, chamar técnicos... E ainda por cima ter de lidar com a possível indiferença da população local! Tudo isso parece desestimulante, mas não deixa de ser um aprendizado que, mais tarde, irá se refletir em crescimento pessoal. A piauiense Patrícia do Vale conta que sente muita saudade de seu lar, em Canto do Buriti, mas enxerga o lado positivo de toda essa experiência. “Aqui aprendi e estou aprendendo muito, estou satisfeita no momento. É, porém, um aprendizado que considero passageiro. E, como quase todo nordestino, vim tentar a vida para voltar e ter uma vida melhor no meu lugar, na minha terra”.

Dicas
Confira, a seguir, algumas dicas dos “Forasteiros” para acertar na escolha do futuro local de trabalho, bem como adaptar-se mais facilmente aos costumes e às pessoas da região:

Em primeiro lugar, defina o que valoriza na cidade natal e veja se vale realmente à pena lançar mão disso. “É preciso aceitar que igual à sua cidade não existe outro lugar”, diz Kelly.

Pesquise bastante sobre o local em que irá prestar o concurso para analisar se realmente é isso o que procura, de acordo com seus objetivos próprios (localização, cidades vizinhas, PIB do município, número de habitantes, valor de aluguel, custo de vida, presença de cursos superiores, opções de lazer etc.);

No caso de professores, antes de escolher uma determinada escola para trabalhar, procure conhecê-la pessoalmente;

Ao mudar-se para a nova cidade, segundo Patrícia, é importante estar aberto e ser solícito com os nativos. “Esteja com os olhos bem abertos e com o sorriso também. Não se retraia e impeça que novas pessoas entrem na sua vida. Mas também não confie cegamente em todos”;

Não desista de alcançar seus objetivos diante das dificuldades. Caso sinta-se perdido, procure estar em contato com pessoas na mesma situação.



Clarissa Janini
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