Paulo de FreitasUm dos maiores baques que um candidato a concurso público pode levar é quando seu nome não figura na lista dos aprovados após um longo período e estudo e dedicação. Guardadas as devidas proporções, em minha família vivi algo semelhante no final do ano passado e começo deste. Minha filha do meio está empenhada em cursar medicina. No ano passado, eu a inscrevi em um cursinho preparatório para vestibular e durante doze meses eu vi essa menina mergulhada em livros e apostilas, abdicando de finais de semanas e feriados.
Ela se inscreveu em cinco vestibulares para medicina. Em todos, ela chegou muito perto da aprovação. Em alguns casos, dois ou três pontos a impediram de estar na sala de aula de uma universidade neste ano de 2012. Se ela tivesse escolhido qualquer outro curso, a aprovação seria certa. A maior expectativa aconteceu no mês de fevereiro. Ela havia sido aprovada na primeira fase da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e aguardava o resultado da segunda etapa que lhe garantiria a coroação de um ano inteiro de empenho. Para nossa tristeza, seu nome não estava na lista de aprovados.
Passado a fase de desapontamento, começamos a nos organizar para enfrentar a situação. O acertado é que ela deveria ser matriculada novamente em um curso preparatório, mas pesava a questão financeira. Todos sabem que esses cursos não são baratos. Uma das saídas foi ela fazer um concurso de bolsa para conseguir o maior desconto possível. Juntando a nota que ela tirou na prova de bolsa com o desempenho que ela teve nos vestibulares que prestou, minha filha conseguiu 80% de desconto.
Apesar de ser um desconto significativo, ainda ficava um pouco pesado para o bolso. Foi quando ela se inscreveu para ser apoio de sala no curso preparatório – estudante que presta pequenos serviços na administração do cursinho. Foi chamada para entrevista e foi aprovada no cargo. Resultado: conseguimos a benção de 100% de bolsa.
Eu percebi que a questão econômica foi o que deixou minha filha mais chateada. Afinal, fazer com que os pais arquem com mais um ano de sacrifício nas finanças para que ele pudesse ter condições de encarar um vestibular para medicina, não era nada fácil. Solucionada a questão financeira, ela ganhou novo ânimo. As aulas já tiveram início e ela entrou novamente na rotina estressante de estudos, que vai perdurar por mais um ano. Decidida, ela avisou que não vai desistir de medicina, mesmo sabendo que suas chances aumentam consideravelmente se optar por outro curso.
Essa deve ser a atitude dos candidatos a concurso público. Não se deve deixar que o desânimo tome conta. A cada concurso que se presta, aumentam as chances de aprovação porque o candidato acumula conhecimento. As oportunidades em concursos estão sempre se renovando. Os vestibulares acontecem todos os anos, enquanto que os concursos costumam se repetir a cada quatro.
No entanto, essa situação está mudando porque muitos órgãos públicos estão diminuindo o prazo de validade de seus concursos para um ano, prorrogável por mais um. Assim, as chances que ocorriam a cada quatro anos vão acontecer a cada dois. Ou seja, as oportunidades nunca vão deixar de existir. Basta que o candidato se mantenha motivado e focado em seu objetivo, sabendo que seu momento vai chegar mais cedo ou mais tarde.
Paulo de Freitas é jornalista e funcionário público. Tem mais de 14 anos de experiência na área de concursos públicos. E-mail: paulokassaco@ig.com.br.Siga o JC Concursos no Google News