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Bons exemplos são injeção de ânimo para os candidatos

Três personagens que tinham tudo para não seguir em frente e, com certeza, não seriam cobrados por isso. Preferiram lutar e foram grandemente recompensados pela dedicação. Concentre-se em seu objetivo, se esforce e você também chegará lá.

Redação
Publicado em 17/04/2012, às 15h58

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Paulo de Freitas
No mês passado li uma matéria que noticiava o grande feito do jovem Kallil Assis Tavares, de 21 anos. Portador da Síndrome de Down, Kallil foi aprovado no vestibular para o curso de Geografia da Universidade Federal de Goiás (EFG). Ele é o primeiro aluno com esse tipo de deficiência a ingressar em uma Universidade Pública, competindo em pé de igualdade com os outros vestibulandos. Segundo a sua mãe, o único privilégio concedido a ele foi ter alguém para ler a sua prova e as questões de seu exame tinham letras maiores porque ele tem problemas de visão.
Gosto de trazer esses exemplos de superação para os candidatos a concursos públicos para que eles se sintam motivados a lutarem por seus objetivos. No ano passado, eu falei sobre outro jovem que teve de superar muitas barreiras para disputar uma vaga na universidade pública.  Eduardo Piniano Pinheiro, então com 18 anos, foi aprovado em três universidades. Pouco antes das provas, ele descobriu que estava com câncer e, mesmo assim, decidiu ir adiante. Alguns exames, inclusive, foram realizados no leito hospitalar.
Os leitores que me acompanham há algum tempo também vão se lembrar da história do morador de rua Ubirajara Gomes da Silva, que foi aprovado no concurso para escriturário do Banco do Brasil. Ubirajara carregava pelas ruas uma pasta com cópias de apostilas e provas e estudava em praças e bibliotecas públicas.
Há um pouco mais de 15 anos eu trabalhava em um grande jornal no Município de São Paulo.  Em um belo dia, fui surpreendido com a notícia da minha demissão. Eu estava completando oito anos na empresa e fiquei muito chateado com a situação. Foi nessa época que eu decidi participar de concursos públicos. Minhas filhas eram todas crianças e eu não podia mais me arriscar em empregos na iniciativa privada, que não me davam nenhuma segurança em relação à estabilidade.
Enquanto estudava para concursos e tentava nova colocação no mercado de trabalho, fazia freelancer em um jornal de bairro na Zona Leste de São Paulo. Neste local, conheci uma jovem que também tinha acabado de entrar na empresa e prestava serviços de diagramação. Era uma moça muito inteligente e competente. No entanto, sofria muita humilhação por parte do dono do jornal, um homem grosseiro e insensível. É que essa jovem tinha um sério problema de audição. Se não me engano, sua capacidade auditiva não chegava a 10%. A quase surdez afetava também sua dicção. 
Apesar destes problemas, ela se comunicava perfeitamente. Não ouvia direito, mas compensava essa deficiência com uma capacidade incrível para leitura labial. Embora falasse um pouco enrolado, também era fácil entender o que dizia, bastava apenas um pouco de paciência dos ouvintes. Paciência, aliás era o que faltava ao rude proprietário do jornal. Ele fazia questão de deixar claro que ela só tinha o emprego porque ele estava lhe fazendo um favor.
Cansado de ver aquela menina ser humilhada, um dia a chamei em um canto e a aconselhei a prestar concurso público. Ela disse que havia tentado algumas vezes sem sucesso e resolveu desistir. Além disso, seu pai sempre lhe dizia que concurso público era carta marcada e só eram aprovadas as pessoas “apadrinhadas”. Insisti com ela e sugeri que se inscrevesse concorrendo às vagas reservadas para pessoas portadoras de deficiência. Até então, ela participava dos concursos, mas não atentava para essa possibilidade.
Na mesma semana de nossa conversa, havia sido publicado o edital de um concurso para a Companhia de Habitação de São Paulo – COHAB-SP. Ela relutou muito e eu tive de conversar com sua mãe para me ajudar a convencê-la de participar do certame. Depois de muita insistência, ela decidiu se inscrever para o cargo de assistente administrativo. Resumo da história: foi a terceira colocada na lista dos candidatos portadores de deficiência. Pouco tempo depois, estava trabalhando e recebendo salário quatro vezes mais do que ganhava no jornal.
Meu caro leitor, eu vivo repetindo que o mundo atual carece de bons exemplos. Mire-se no feito destes três jovens e você verá que as dificuldades foram feitas para serem superadas. Nossos personagens tinham tudo para não seguir em frente e, com certeza, não seriam cobrados por isso. Preferiram lutar e foram grandemente recompensados pela dedicação. Concentre-se em seu objetivo, se esforce e você também chegará lá.
Paulo de Freitas é jornalista e funcionário público. Tem mais de 14 anos de experiência na área de concursos públicos. E-mail: paulokassaco@ig.com.br.
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