Nesta edição, a professora Sandra Ceraldi Carrasco dá dicas sobre o uso da colocação pronominal, tópico muito requisitado em concursos públicos
Sandra Ceraldi Carrasco
Nesta edição, a professora Sandra Ceraldi Carrasco dá dicas sobre o uso da colocação pronominal, tópico muito requisitado em concursos públicos. Acompanhe as explicações da especialista e sucesso em seus estudos!
A colocação pronominal, na Língua Portuguesa, refere-se à posição que os pronomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo. As posições clíticas de pronomes oblíquos átonos são: próclise, ênclise e mesóclise.
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Todas as conjugações verbais permitem próclise e, com exceção do particípio e dos tempos futuro do presente (fará, dirá, verá) e futuro do pretérito (faria, diria, veria), permitem também ênclise. Somente os tempos futuro do presente e futuro do pretérito permitem mesóclise.
O português falado no Brasil e em Portugal é diferente quanto às preferências por posições clíticas. No Brasil, opta-se sempre por próclise independente da posição do grupo/sintagma/locução verbal (pronome e verbo) na oração. Já em Portugal, dependendo da posição do grupo verbal na oração, opta-se ou não pela próclise. Veja:
No Brasil
Me dê atenção.
Te amo.
Em Portugal
Dê-me atenção.
Amo-te.
As gramáticas normativas condenam o uso brasileiro de próclise e esse uso é ensinado no colégio como sendo proibido na escrita. Portanto, exceto quando a escrita simula a fala (mensagens instantâneas e de celular, por exemplo), as posições clíticas da escrita no Brasil são as mesmas do português falado em Portugal. Então entenda:
Português falado no Brasil coloquialmente
Português falado em Portugal e normatizado por regras
Deve-se usar a próclise diante dos seguintes atrativos:
1. Advérbio
2. Conjunção
3. Palavra negativa
4. Pronome indefinido
5. Pronome interrogativo
6. Pronome relativo
Observação: Não deve ser usada no início de oração ou período. Apesar disso, o uso da próclise é generalizado no Brasil, de modo que na fala popular é comum o uso inclusive no início de oração. Ex.: *Se faz justiça com as próprias mãos naquele lugar.
Em gramática, denomina-se ênclise a colocação dos pronomes oblíquos átonos depois do verbo. É usada principalmente nos casos:
Observação: Não deve ser usada quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito. Nesse caso é utilizada a mesóclise. Nota-se também que os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las quando estão ligados a verbos terminados em r, s ou z. Assim, o verbo perde sua última letra e a nova forma deverá ser acentuada de acordo com as regras de acentuação da língua. Ex.: Fá-lo (faz + o); amá-la (amar + a); qui-los (quis + os). No caso de verbos terminados por am, em, ão ou õe, ou seja, sons nasais, os pronomes o, a, os, as assumem as formas no, na, nos, nas, e o verbo é mantido inalterado. Ex.: propõe-no (propõe + o); pequem-no (peguem + o).
Em linguagem coloquial, no Brasil, é comum utilizar o pronome reto em substituição ao pronome oblíquo - Por exemplo: "peguem eles!". Este tipo de construção não é adequada em linguagem formal.
Denomina-se mesóclise a colocação do pronome oblíquo átono no meio do verbo. Utiliza-se quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo e não há, antes do verbo, palavra que justifique o uso da próclise. Ex.: Vê-lo-ei mais tarde se pudesse. (futuro do presente); trá-lo-ia logo mais caso a tivesse comprado. (futuro do pretérito). Convidar-me-ão para a cerimônia. (futuro do presente). Convidar-me-iam para a festa se tivessem lembrado! (futuro do pretérito).
Bons Estudos!
Professora Sandra Ceraldi Carrasco, consultora e especialista em Língua Portuguesa, autora de livros e periódicos na área. Há mais de 20 anos ministra cursos e palestras, com índice recorde de aprovação. Seu mais recente trabalho aborda de forma prática o Acordo Ortográfico. Atualmente é coordenadora do curso preparatório IPA. Contato: professora.sandracarrasco@uol.com.br.
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