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Búzios, um monte de assuntos e os concursos públicos

Estou em férias. Um direito e necessidade de todos, mas algo bem mais simples e seguro de se tirar no serviço público

Redação
Publicado em 28/11/2011, às 16h07

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William Douglas
Estou em férias. Um direito e necessidade de todos, mas algo bem mais simples e seguro de se tirar no serviço público. Na iniciativa privada, conheço vários amigos que ficam estressados imaginando se não serão demitidos logo após seu retorno.Graças ao concurso, minhas férias são mais tranquilas. Não totalmente, pois ainda tenho outros objetivos a contemplar.
Minhas férias possuem um objetivo tríplice: descansar, trabalhar no novo livro (oratória) e viajar para as diversas palestras de lançamento do livro “A arte da guerra para concursos” que marquei pelo país afora.  Por conta do descanso, fui para Armação de Búzios, famoso balneário no Rio de Janeiro. Mais especificamente, fui para a praia da Ferradura, e passei lá três dias. Voltei, fiz mais palestras, escrevi mais um pouco e volto pra Búzios semana que vem.E por qual razão uma coluna vem falar desses assuntos para quem talvez esteja sem tempo, férias ou grana para ir a Búzios ou qualquer outro lugar legal? Ou para quem férias seja um desejo distante?
Não estou tirando onda. Se fosse para tirar, estaria em Búzios. Estou aqui para lhe animar, falando sobre as férias que você vai merecer, lá. Ou em outro lugar que preferir.Escrevo exatamente para que você visualize isso, deseje isso e saiba que é algo que pode ter daqui a algum tempo. E se este tempo for alguns poucos anos, e daí? Vale a pena assim mesmo.
Claro que durante a preparação para os concursos públicos você precisa encontrar espaço para descanso periódico e, se der, uma pausa um pouco maior uma ou duas vezes por ano.Assim como recomendei uma visita a Bento Gonçalves/RS, no artigo “Vinho e concurso público”, agora recomendo Búzios/RJ.
Os vencimentos de servidor público não permitem que você tenha uma casa na Praia da Ferradura. Não dá, já conferi. Mas dá para pagar uma pousadinha bem legal, já conferi também. E vale a pena. O lugar é lindo, aliás, a cidade toda é uma pérola.
Até passar, cuide para ter seu equilíbrio entre muito estudo e algum descanso. Como dizia Sun Tzu, que comentei em meu novo livro, “sem equilíbrio e harmonia não pode haver formação de batalha”. Na batalha dos concursos, tenha um horário equilibrado, com a maior quantidade de estudo e treino que puder, mantida a qualidade do estudo e um mínimo de qualidade de vida.
Depois de passar, programe Bento Gonçalves, Búzios ou, querendo fazer um pouquinho mais de poupança, Paris ou Nova York. Você vai merecer.Voltemos a Búzios, esse mês, comigo. Se você quiser uma casa na Ferradura, vá ser empresário, artista, jogador de futebol, coisa parecida. Os vencimentos do serviço público são excelentes, mas limitados. É uma opção de vida: você não vai ficar rico, mas também não vai perder o que tem da noite pro dia, nem vai viver estressado e sem horários como empresários, artistas e jogadores vivem. É uma escolha pessoal.
Ah, os caras que estão roubando no serviço público e têm fortunas? Claro que não esqueci deles. E posso afirmar: não vale a pena. Conheço vários e ainda não encontrei um que tenha paz. Alguns são pegos mais cedo ou mais tarde e aí o crime não compensou. Quanto aos que nunca são pegos (e existem alguns), já percebi que não são felizes, não têm paz. Voltemos a Búzios.
Fui caminhar pela praia, descalço, esposinha do lado, uma maravilha. A praia tem o nome de Ferradura por que é exatamente esse seu desenho. A praia é técnica e geograficamente falando, uma pequena enseada. Assim, não vi o oceano Atlântico no início mas, no exato meio da praia, é possível vê-lo claramente.
Viciado em concurso é assim mesmo: pensei nos concursos.  Imaginei que se o mar fosse o objetivo, seria preciso estar no meio da praia para vê-lo melhor e perceber que a entrada da praia podia até ser pequena, mas que dá para passar por ali.
Se você estiver se achando sem saída em algum problema de sua vida, seja ele seu casamento, seu emprego, seus sonhos ou seu cargo público, provavelmente sua questão é de ângulo. Você está vendo as coisas do ponto de vista errado, ou obliquamente, ou muito do canto, ou sem ver de cima, da perspectiva exata.
Se você não está vendo o mar, camarada, é porque está meio de lado. Vá para o centro de sua vontade, de seu sonho, de seus planos. Dali, a entrada é suficientemente grande e o mar, visto dali, enorme, bonito, perfeitamente possível.
Quando estiver navegando na enseada, em direção ao mar, lembre-se do provérbio romano que diz: “se não houver vento, reme”.
Assim, focado, com ou sem vento, remando, o mar é um destino. Como digo no mantra número 7, “O concurso não é um obstáculo, o concurso é um caminho.” Esse mantra foi inspirado em Amyr Klink, que diz que “o mar não é um obstáculo, o mar é um caminho”. Por isso Amyr Klink é um navegador; por isso nós somos concurseiros.
A gente se vê em breve, aqui, ou comendo camarão em Búzios, cedo ou tarde.Com abraço fraterno,William Douglas
William Douglas é professor, juiz federal e escritor
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