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Aprendendo a aprender

Temos para nós que uma das principais falhas do sistema de educação que leva aos parcos resultados está na forma como é transmitido o ensino, sem preocupação com a formação da capacidade de raciocínio e de espírito crítico nos alunos.

Redação
Publicado em 25/05/2012, às 17h19

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William Douglas
As condições de um mercado de trabalho cada vez mais restrito têm indicado os concursos públicos como uma das melhores opções para a rápida obtenção de estabilidade, status e boa remuneração. Não obstante, os índices de aprovação continuam em patamares incrivelmente baixos. Assim, paradoxalmente, aumentam os candidatos e diminui o número de aprovados. Mas, qual a razão dessa carnificina ou ainda, como inverter esse lamentável quadro? 
Temos para nós que uma das principais falhas do sistema de educação que leva aos parcos resultados está na forma como é transmitido o ensino, sem preocupação com a formação da capacidade de raciocínio e de espírito crítico nos alunos. O ensino terminou sendo atividade de informar, e não de formar pessoas. Educar deixou de ser paixão, alegria, força, intensidade, curiosidade e crescimento, para ser uma mera atividade de repetição, estéril e sem graça. Felizmente, aos poucos, vai se redescobrindo o estudo como algo agradável, criativo, inovador. Apenas assim se formam pessoas, preparando-as para a vida real, para o século XXI, para uma vida realmente produtiva.
Mais grave do que o automatismo intelectual, temos como causa principal do sofrível desempenho dos nossos alunos o fato de não saberem aproveitar o estupendo potencial intelectual que possuem. Nossos alunos, via de regra, não sabem ler com eficiência, não sabem estudar, não possuem suficiente capacidade de expressão escrita e verbal. É preciso aprender a aprender. A verdade é que alguns professores e a maioria absoluta dos alunos não dão importância a assuntos basilares, tais como as técnicas de aprendizagem e o funcionamento do cérebro, da memória, da inteligência etc. 
Em geral, os alunos desprezam pontos da matéria, como a introdução e os princípios e conceitos fundamentais, pois querem “ir direto ao assunto”, não querendo “perder tempo”, com o que, para eles, é de menor importância. Estão viciados em não pensar, a se satisfazerem com um produto final e acabado, sem que possam ou saibam julgá-lo. Este comportamento repete a prática mais que comezinha das pessoas não lerem os manuais de instrução dos eletrodomésticos que adquirem. Como o cérebro é muito mais sofisticado que o mais avançado dos computadores é preciso “ler o manual”, sob pena de estarmos condenados a subaproveitá-lo. Os baixos índices de aprovação em concursos públicos mostram que o uso do cérebro e da inteligência sem a “leitura do manual” está sendo insuficiente. 
Outro ponto a ser considerado é que, como tudo na vida, importa mais a qualidade do que a quantidade. Há quem estude 12 horas por dia e seu resultado prático é inferior ao de outro que estuda apenas uma hora por dia. Por quê? Por conta de fatores como a concentração, a metodologia e o ambiente de estudo. Mesmo assim, os estudantes e candidatos perguntam apenas sobre a “quantidade de horas” necessárias para passar, quase não se vendo a preocupação com o “como” serão aproveitadas essas horas.
Como um dos caminhos para solucionar o fraco desempenho de nossos alunos, entendemos que deva ser dada atenção ao processo de aprendizagem da aprendizagem, aquilo que chamamos de otimização de estudo. Através da otimização é possível estudar uma mesma quantidade de horas, obtendo-se um considerável ganho em agregação de novos conhecimentos, decorrente do acréscimo de qualidade. Em suma, o aperfeiçoamento da capacidade de aprendizagem resulta em maior produtividade.
As pessoas que não tiveram a sorte de nascerem dotadas de inteligência genial podem aprender técnicas que otimizem suas capacidades. O fato é que é possível aprender a ser mais inteligente, bem como a desenvolver espécies diferentes de inteligência. Os melhores conceitos de inteligência são aqueles que a indicam como a capacidade de adaptar-se a novas situações, e de buscar a felicidade. Isto pode ser aprendido.
Entendemos, assim, ser necessário um esforço no sentido de desenvolver as inteligências, a capacidade de aprendizagem e o inesgotável potencial do cérebro humano. Se isto não for feito, nossos alunos continuarão condenados a níveis insatisfatórios de desempenho. Lidamos, hoje, com grande quantidade de esforço desperdiçado, baixa produtividade no processo de ensino e aprendizagem e frustração inteiramente desnecessárias. Antes de ensinar ao aluno a matéria em si, devemos ensiná-lo a conhecer a si próprio e a dominar sua espetacular capacidade de crescimento humano e cognitivo.
William Douglas é juiz federal, professor universitário, autor de mais de 20 obras e expert em Concursos Públicos (passou em 9 concursos, sendo 5 em primeiro lugar). www.williamdouglas.com.br



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