Os pecados capitais levam os homens à condenação, já os dos concursos levam à reprovação, desânimo e desistência
Willian Douglas
Os pecados capitais levam os homens à condenação, já os dos concursos levam à reprovação, desânimo e desistência.
Vamos lembrar quais são os pecados capitais: gula, soberba, inveja, preguiça, ira, luxúria e avareza. Vamos vê-los agora em sua manifestação concurseira:
A gula é a pressa de passar. Como sempre digo: concurso se faz não para passar, mas até passar. Assim, esqueça a pressa e comece a estudar com regularidade, planejamento e antecedência.
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A soberba é a arrogância, o achar que já se é o “sabe-tudo”, o “rei da cocada preta”. Muitos candidatos inteligentes e bem formados são vítimas dela, ao passo que os menos capazes, mas esforçados, chegam lá, assim como na história da corrida da lebre com a tartaruga.
A preguiça. A palavra é autoexplicativa, mas deixe-me dizer uma coisa: eu sou meio preguiçoso. Só que sempre fazia o que devia ser feito quando me imaginava desempregado e sem grana.
A inveja acontece quando o concurseiro fica vigiando as notas e as coisas boas que os outros possuem ao invés de ir resolver a própria vida. É impressionante como as pessoas pecam ao se compararem com os outros e dedicarem-se à reclamação e à autocomiseração, em vez de estudarem e treinarem.
A ira representa deixar-se estourar ou desanimar pela enorme quantidade de fatos que têm justificadamente esse condão: cansaço, carteiras duras (do curso e a sua), dificuldades com a família, com a matéria, fraudes em concursos, taxas de inscrição abusivas etc. Nessas horas, não adianta irar-se. O jeito é ir estudar, pois um dia a gente passa, apesar de tudo.
A luxúria é talvez o maior pecado. Veja nela o lazer exagerado e tudo o mais que é delicioso e que nos tira tempo para estudar e treinar. Pois bem, equilibrar estudo e lazer, administrar bem o tempo e saber estabelecer as prioridades é essencial para chegar ao reino dos céus, digo, da nomeação.
A avareza tem duas manifestações. A primeira, do candidato, quando economiza nos investimentos necessários para ser aprovado. A segunda avareza, a pior delas, ocorre quando o cidadão passa e deixa de utilizar o cargo e os poderes e competências dele para o bem da coletividade. Ao passar, para não ser blasfemo, herege ou apóstata, é preciso devolver ao povo o quanto nós custamos. Isso pode ser feito com trabalho, eficiência, simpatia, honestidade e entusiasmo.
Pois é, que Deus nos livre dos pecados capitais. E que façamos nossa parte, dando nossa parcela de fé e sacrifício, para chegarmos ao paraíso, com méritos dos santos. “Santo”, por sinal, significa, etimologicamente, “separado”. Gente que passa em concurso é assim: meio diferente da média, mais dedicada, mais focada.
No fim, os votos de que alcancemos os frutos do espírito, que, na Bíblia (Gálatas 5:22), se opõem aos pecados capitais: amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio. E, claro, passar em concursos.
William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e escritor
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