O que faz você
se dispersar na hora dos estudos? Recentemente, aceitei o desafio de ministrar um conteúdo diferente do que estou acostumada a lecionar e, assim como um concurseiro, precisei iniciar minha preparação e, consequentemente, o compromisso de estudar – professor precisa estar constantemente se atualizando, mas, dessa vez, era um compromisso mesmo. Evidentemente que há algumas diferenças entre prestar um concurso e dar uma aula; o professor também vai ser testado em seu conhecimento toda vez que um aluno fizer uma pergunta, mas terá a obrigação de “gabaritar”, não adianta chutar nem deixar em branco. Entretanto, a preparação e o comprometimento com os estudos são muito parecidos.
Ao me deparar novamente com essa experiência de ter que estudar, comecei a refletir sobre algumas tentações que atrapalham nossos planos e teimam em nos dispersar. Vou listar alguns, mas sei que você conhece outros no seu dia a dia.
Para quem estuda em casa, a primeira inimiga chama-se geladeira. É impressionante o poder de atração que esse objeto exerce sobre um estudante. Mesmo quando você sabe que já que não tem mais nada além de água e ketchup, você precisa abrir a porta e dar uma espiadinha. A dica para desapegar da geladeira é fazer as refeições de forma regrada durante o dia. Isso deve fazer parte da sua rotina de estudos. A falsa impressão de que não pode perder um minuto de estudos faz com que você passe o dia a base de lanches ao invés de realizar refeições adequadas e isso vai atrapalhar não apenas a sua saúde e disposição, como também a sua concentração, já que o fato de nunca estar saciado tornará as visitas à geladeira cada vez mais frequentes.
Na lista dos “vilões” do estudante, estão também as redes sociais (Facebook, WhatsApp e afins). Você está assistindo a uma videoaula, acompanhando o raciocínio e, de repente, aparece uma nova notificação. Você não resiste. Pode ser urgente. Era apenas um convite para jogar Candy Crush. Então você aproveita para olhar um pouco do feed de notícias. Quando retorna à aula, precisa voltar o vídeo para retomar o raciocínio. Então, não deixe o Facebook aberto durante os estudos; desative o sinal de alerta do WhatsApp. Estipule os momentos para entrar nas redes sociais e veja tudo de uma vez. Acredite, tudo estará lá te esperando, você não vai perder nada; e vai ganhar muito em rendimento nos estudos.
Mas nem tudo o que dispersa é inimigo ou vilão. Paixões também nos dispersam. Entenda-se como paixão tudo aquilo com o que você realmente gosta de usar seu tempo. Uns têm paixão por música, outros por seriados na TV, games, esportes, filmes, programa com os amigos, outros só pensam em namorar. Aqui a grande paixão que tem ameaçado meus estudos é estar com meu filho de três anos, no auge da fofurice. Por mais que goste de estudar, estar com ele é infinitamente melhor.
Nesses momentos, lembro de uma lição do William Douglas: “Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando”. Quem nunca?
Chego à conclusão de que o melhor método é a concentração máxima nos estudos durante o tempo que programamos para esse fim. Então, estaremos de consciência tranquila para aproveitar, também ao máximo, nossos momentos de beber, comer, olhar o Facebook, namorar, ver um filme, brincar com o filho, com o cachorro ou simplesmente tirar um bom sono. Afinal, como ensina o Mestre William, “a qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia”.
Tatiana Marcello é advogada especialista em processo civil e direito civil, coautora de mais de 10 obras jurídicas e professora exclusiva da Casa do ConcurseiroSiga o JC Concursos no Google News